Os escalões de formação estavam a cumprir largamente os objectivos traçados pelo clube. Os sub17 e os sub15 asseguraram a manutenção no campeonato nacional e as equipas B destes escalões estavam em boa posição para ascender à 1.ª divisão distrital de Santarém. Fora do âmbito do clube, também os sub19, que integram a SAD, lideravam a 1.ª divisão distrital e preparavam‑se para subir à 2.ª divisão nacional. Fora da vertente competitiva, o clube dava passos largos no desenvolvimento de um novo paradigma para a formação, enquanto entidade formadora certificada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). A pandemia causada pela Covid‑19 veio alterar todo o cenário no panorama distrital, com a suspensão definitiva e anulação da presente época desportiva.
Bruno Neto, coordenador da formação, considera que a decisão “não é consensual, mas talvez seja a única possível e a menos injusta, atendendo a que muitos campeo‑ natos ainda estavam em aberto no que toca a subidas e descidas e apuramento de campeão”. Ainda assim, este responsável não deixa de dizer que “o Fátima deve ter sido o clube mais prejudicado”, assegurando que o clube “irá cum‑ prir as determinações superiores e o foco passa por alcançar estes resultados já na próxima época”. Um trabalho que no seu entender “é fruto do que se está a fazer nos escalões de base e que permite o surgimento de equipas competitivas nos escalões mais velhos”, onde o Fátima tem os Sub15 e os Sub17 no campeonato nacional.
Balanço positivo
Bruno Neto não tem dúvidas em afirmar que o balanço da época “é positivo, porque os nossos jovens evoluíram como atletas, sem descurar os outros aspectos da sua vida, o que para nós é prioritário”. Para além da vertente competitiva e de formação, Bruno Neto considera como pontos fortes desta época “o funcionamento do gabinete de psicologia para acompanhar os atletas e o trabalho desenvolvido por Michel Ritschard, conselheiro para a área técnica”. Este técnico suíço, que desempenha idênticas funções para a FIFA, reside em Ourém e trabalhou no desenvolvimento do treino com os técnicos do clube. Mudança de paradigma “Mais do que um clube, o Fátima é uma entidade formadora certificada e temos de ter isto bem presente”, alerta Bruno Neto.
“O nosso trabalho não pode ser baseado no jogo do próximo sábado, temos de olhar para o percurso formativo do atleta como um todo, que só termina nos Sub19”, explica. Assim, “os objectivos traçados para cada equipa são o resultado desta evolução”. A título de exemplo, Bruno Neto refere que no Fátima “as equipas são homogéneas, nos escalões de base, não há hierarquia entre as equipas A, B ou C, assim como também não existe a obrigatoriedade de nos Sub15A estarem só os iniciados de segundo ano e os de primeiro nos Sub15B”. Ter atletas em evolução e permanentemente desafiados e motivados “é o grande objectivo e o pilar em que assenta todo o percurso de formação no Fátima, passando para segundo lugar a competitividade de cada equipa nos escalões de base”. O coordenador admite “alguma resistência” por parte dos pais, até porque “é uma realidade nova e que diverge do que é prática noutros clubes, mas é um caminho que temos de percorrer”… já em Agosto desejamos todos nós.
Nuno Miguel Oliveira