Respondendo às questões, a especialista defendeu que “convém dizer a verdade”. “A criança só vai complicar o processo do luto se o adulto complicar”, afirmou.
E deixou alguns conselhos: “Deve ser sempre uma pes‑ soa da confiança da criança a contar, deve estar serena e deve ser directa e honesta. Também deve estar dispo‑ nível para responder às perguntas da criança”. Segundo Márcia Amorim, a criança tem uma vantagem em relação ao adolescente e ao adulto: vê tudo de uma forma muito simples e a sua preocupação é substituir a pessoa que perdeu por outra. O tabu da morte Para Márcia Amorim, “é importante perceber o que é o luto”. Na sua perspectiva, “o luto não é depressão”, nem é uma doença.
“Nós só fazemos luto por aquilo que amamos”, afirmou, referindo que “durante o luto sentimos muita tristeza, nó na garganta, vazio, boca seca, desrealização, medo, irritabilidade, quebra de rendimento, sentimento de abandono, saudade, fadiga, perda de cabelo, sensações de tonturas, revolta…”.
“Os lutos são duros e complicados”, reconheceu, admitindo que a morte ainda continua a ser um tabu e “nós fugimos completamente dela”. Discordando da frase “a primeira imagem é que conta”, a especialista é mais apologista do contrário (a última é que conta).
Na sua perspectiva, ”a melhor coisa que nos pode acontecer quando perdemos alguém é termos tempo para nos despedirmos” dessa pessoa.
A iniciativa contou com a presença de mais de duas dezenas de participantes, na sua maioria pais e familiares das crianças da instituição. Decorreu num ambiente muito informal, descontraído e intimista, e houve momentos em que a partilha de histórias e a emoção dos formandos se sobrepuseram aos ensinamentos e conselhos da formadora.