Assim sendo, ao percebermos melhor como esta proteína é produzida, geramos conhecimento que depois pode ser aproveitado para descobrir melhores tratamentos para a retinite pigmentosa”. Segundo a jovem cientista, chegar até aqui foi um processo árduo. “A ciência faz‑se pouco a pouco”, realça, acrescentando que “esta publicação resultou de trabalho desenvolvido ao longo de quatro anos, com uma equipa multidisciplinar que integra vários cientistas”.
Num próximo estudo, adianta ainda, “pretendemos detalhar ainda mais o mecanismo que descobrimos. Ou seja, compreender melhor e em detalhe, de que forma é que este mecanismo contribui para a produção desta proteína. Assim, a nossa descoberta ainda terá mais relevância na procura de novos fármacos que melhorem a produção desta proteína. A doença só ocorre quando a proteína é produzida de forma defeituosa”.
Catarina Gaspar não esconde o orgulho no trabalho que faz como cientista. Aliás, vai mais longe ao referir que se sente uma “privilegiada por ter feito o doutoramento com esta equipa e nestes institutos”. Mas refere que não vai continuar a integrar esta equipa de investigação.
“Esta investigação decorreu durante os meus estudos de doutoramento. Irei defender a tese no início do ano e depois irei trabalhar com uma nova equipa de investigação”.
Catarina Gaspar é farmacêutica de formação. Por outras palavras, após ter terminado o ensino secundário, tirou o mestrado em Ciências Farmacêuticas. Depois decidiu que queria fazer investigação científica e começou a ganhar experiência na área até que conseguiu uma bolsa de doutoramento. “A investigação que faço é na área da Bioquímica / Biologia Celular. E faço o que se chama de ciência básica, ou seja, tentamos descobrir mais sobre a forma como o organismo funciona. Este conhecimento que geramos depois é utilizado pela investigação aplicada, para a descoberta de novos fármacos”, explica a jovem, que descobriu o gosto pela investigação científica na faculdade quando se apercebeu “verdadeiramente” que era uma área que podia seguir, até porque “sempre” gostou de estudar e da área científica.
Catarina Gaspar confessa que gostava de ter experiência no estrangeiro. “A ciência é universal”, salienta a jovem, que admite haver “mais oportunidades lá fora. Mas também existem instituições científicas muito boas em Portugal”. Em Portugal ou no estrangeiro, Catarina Gaspar quer continuar a fazer investigação científica. “É o que gosto de fazer”, sublinha a jovem fatimense, que sente orgulho nas suas raízes. Aliás, segundo refere, visita Fátima com frequência e será sempre a sua casa.
Artigo publicado na edição de 07 de Janeiro de 2022