Notícias de Fátima – Pode partilhar connosco um pouco da sua história familiar e profissional?
Natasha Howes – Nasci a 13 de Maio e, portanto, tenho uma devoção particular a Nossa Senhora de Fátima. Mais recentemente, celebrei muitos aniversários e dias de festa no Recinto do Santuário. Nasci no Reino Unido e fui criada como católica pela minha mãe, que é polaca. O meu pai é inglês e morou no Sul de Espanha durante boa parte da minha juventude, por isso, éramos uma família muito viajada. Acredito que herdei a paixão do meu pai por filmes e performances. Estudei Comunicação e Inglês como primeiro grau universitário e depois especializei-me em Estudos de Cinema, isto antes de me certificar pelo British Film Institute e trabalhar no circuito de Cinema e Arte como programadora, promotora e crítica. Comecei a trabalhar como produtora numa cooperativa de cinema que criei no Reino Unido, onde desenvolvi a minha primeira longa metragem, “The 13th Day” (2009), que também é inspirada na história de Fátima.
NF – Como teve início a sua devoção a Nossa Senhora de Fátima?
NH – Posso dizer que a minha devoção a Nossa Senhora de Fátima começou com o filme “13º Dia”. Um amigo da família pediume para o ajudar a fazer uma curta metragem para mostrar o milagre. Estávamos em 2005 e, ao pesquisar para esse projecto, os meus olhos e coração abriram-se à história, ao significado e à mensagem de Fátima. Até então, minha fé tinha expirado. Foi a mão gentil de Nossa Senhora que me trouxe de volta a Deus e que guiou a minha ambição de divulgar a sua mensagem ao mundo.
NF – Considera ‑se peregrina de Fátima?
NH – Sou peregrina frequente desde a minha primeira visita, em Novembro de 2005. Actualmente, os negócios levam -me de volta a Fátima e a Portugal duas vezes por ano ou mais e muitas vezes por períodos longos. Trabalho em várias encarnações da história de Fátima há 15 anos. É um lugar muito perto do meu coração.
NF – Como tomou a sua decisão de produzir o filme “Fátima”?
NH – A história de Fátima é, em última análise, de fé, esperança e amor e deve ser acessível a todas as pessoas para alcançar o maior impacto. O filme “Fátima” foi feito para atravessar o grande ecrã do cinema e atrair um público amplo, mantendo a integridade do significado e da mensagem. Todos nos sentimos atraídos para o projecto, à medida que compartilhámos esta ambição comum e combinámos os nossos relacionamentos particulares para atingir nossa meta.
NF – Quais as principais dificuldades que encontrou?
NH – O principal desafio foi encontrar investidores que compartilhassem a nossa sensibilidade e que apoiassem este crossover (esta interacção) de dois mundos. Demorou muito mais tempo do que o previsto, apesar de termos um plano de negócios robusto e um públicoalvo significativo. Outro grande desafio foi o de desenvolver um argumento/guião que juntasse talento e que mantivesse a voz autêntica da história a falar para um público em geral, o que é um acto de bastante equilíbrio.
NF – Como foi a escolha de Marco Pontecorvo para realizador?
NH – Marco Pontecorvo foi uma escolha natural para este drama histórico épico e abrangente. O seu trabalho cinematográfico pode ser conhecido em séries como “Game of Thrones” e “Rome”. Como realizador, ele já tinha dirigido o filme “Pa RaDa”, que apresentava crianças nos papéis principais. O Marco tem uma sensibilidade particular para o espectacular e lida com
sensibilidade e compaixão com o assunto. Também trabalhou extensivamente em produções em larga escala.
NF – Como foi trabalhar com actores e as equipas técnicas portuguesas?
NH – “Fátima” é uma fórmula muito interessante. É um projecto internacional inspirado numa história portuguesa, ocorrida em Portugal, filmada inteiramente em Portugal, com um elenco e uma equipa técnica portugueses. A história de Fátima é muito conhecida em Portugal e o que todos adoraram no filme foi o foco na história humana por detrás das aparições e milagres. Desta forma, os actores tiveram a oportunidade de explorar a humanidade de cada uma das personagens. No set de filmagens todos tinham uma história com as suas próprias experiências de Fátima e cada um levou para o filme essa sensibilidade íntima e sentido de herança.
NF – De que forma se concretizou o apoio das autoridades portuguesas ao filme?
NH – O novo programa de incentivo ao cinema [Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual] é uma iniciativa conjunta entre o Turismo Portugal e o ICA [Instituto do Cinema e do Audiovisual, I. P.], criada para atrair grandes filmes internacionais para Portugal e apoiar a produção doméstica. Fomos o primeiro filme do programa de descontos em dinheiro e recebemos os incentivos a tempo. A produção internacional de filmes investe, num curto espaço de tempo, recursos financeiros significativos na economia de um país por meio da produção de serviços. Além disso, milhões de pessoas em todo o mundo verão “Fátima”, com impacto positivo no turismo nos próximos anos. Não seria possível filmar “Fátima” em Portugal sem o programa de incentivo, mesmo sendo a escolha natural. Este programa de incentivos tornou Portugal um local desejável para filmar e um território competitivo na indústria de produção.
NF – Como está a ser a recepção ao trailer nos Estados Unidos da América?
NH – Lançámos o trailer na América do Norte a 26 de Fevereiro e em 10 dias tivemos 10,5 milhões de visualizações. A recepção é extremamente positiva e cresce exponencialmente a cada dia. Temos contactos de todas as pessoas, católicos, muçulmanos, ateus, que pretendem assistir ao filme. É um resultado excepcional, e continuamos a construir audiências para o lançamento nas salas de cinema.
NF – Como está a ser preparado o lançamento no resto do mundo?
NH – O filme “Fátima” será lançado primeiro na América do Norte, seguindo rapidamente pelo resto do mundo. Já vendemos o filme para os principais territórios católicos, onde há uma grande demanda por este tipo de conteúdo e estamos a trabalhar com parceiros de distribuição noutros territórios que comercializarão o filme apenas como filme convencional. A nossa aspiração é abrir os olhos do mundo para esta história incrível e inspirar esperança e amor em todas as pessoas, para que se identifiquem com a coragem e a fé destes filhos de Fátima.
NF – Como se vê, ainda tem em mãos este projecto, mas já tem outros em mente? A que vai dedicar‑se de seguida?
NH – Agora que este projecto passou para a fase de distribuição, vou continuar focada na produção de filmes inspiradores que evoquem um sentido de heroísmo nas audiências. O mundo precisa de mais esperança e eu acredito na capacidade transformadora do cinema de inspirar mudanças positivas na vida das pessoas e da sociedade em geral. Dito isto, a história de Fátima faz parte da minha vida há muitos anos e continuarei produzindo projectos que tornarão Fátima mais conhecida, amada e compreendida no mundo.
Fotografia: G Robinson