“Foi uma alegria grande, mas sem grande aparato externo”, conta. E acrescenta meio a sério, meio a brincar: “O meu verdadeiro 25 de Abril foi quando o PS ganhou a câmara aqui em Ourém (…) foi um momento de alegria, euforia, vivido sem preocupações, com uma envolvência muito grande (…), porque as pessoas estavam cansadas”. A este respeito, comenta ainda: “Há ciclos de cansaço, as pessoas cansam-se e gostam da mudança e a mudança veio. Da segunda vez que o PS ganhou já foi muito resvés Campo de Ourique, e eu vi que aquilo não ia aguentar perante o tecido sócio- ideológico do concelho. Tive pena, mas não se pode batalhar contra esse tal tecido sócio-ideológico, porque o nosso concelho é assim e como tal não parece que estejam cansados, estão satisfeitos com a situação actual e provavelmente com razão”. Foi “sempre bastante contestatária”. E a este propósito, não resiste a partilhar uma pequena história: “Quando era estudante, ainda na Faculdade de Letras, a minha turma fez uma viagem de estudo a Paris, acompanhada pelo nosso professor de Francês, e eu consegui trazer comigo o Livro Vermelho de Mao Tsé Tung escondido, cheia de medo na fronteira, porque as fronteiras eram muito controladas”. A Guerra Colonial e a música de Zeca Afonso agudizaram ainda mais a sua veia contestatária, que lhe valeu um convite para encabeçar a lista à Assembleia de Freguesia de Fátima pelo PS. E foi assim que começou a sua actividade autárquica, que exerceu durante 12 anos. Além de ter integrado a Assembleia de Freguesia de Fátima, foi membro da Assembleia Municipal de Ourém e vereadora na Câmara Municipal de Ourém. E terminou a sua actividade autárquica com chave de ouro. Foi precisamente no último ano em que exerceu funções que o PS conseguiu conquistar a Câmara. Se calhar, é um “pouco vaidade” da sua parte, mas sente que contribuiu para isso. Na conversa que decorreu na sua casa, rodeada de livros e na companhia dos seus dois gatos, ressaltam ainda a boa disposição e o sentido de humor da nossa entrevistada, que termina a conversa com uma passagem da Bíblia (Eclesiastes 3): “Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou, tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo para edificar, tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo para dançar, tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar, tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço, tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para atirar fora, tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar, tempo para amar e tempo para odiar, tempo para guerra e tempo para paz.”
Notícias de Fátima (NF) - Qual é a sua ideia de felicidade plena?
Leonilde Madeira (LM) – O conceito de felicidade plena é excessivamente abrangente para se considerar que alguém a tenha atingido na totalidade e durante muito tempo. São momentos fugazes, luminosos, horas, dias, mas a plena felicidade creio que é difícil de atingir. Neste conceito de felicidade, eu até costumo muitas vezes citar uma quadra do António Aleixo: “Felicidade afinal se fossemos todos iguais e livres de todo o mal, não era preciso mais”. Mas não somos todos iguais e não somos livres de todo o mal e como tal a felicidade são os tais momentos.
Leia a notícia completa na edição impressa do Noticias de Fátima no dia 16 de fevereiro de 2024.