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Fernanda Rosa

18 de junho, 2021

“Não posso tomar partido, tenho um negócio aberto ao público!”

A simplicidade desta afirmação esconde uma complexa e dissimulada dinâmica na rede sociopolítica baseada num estilo camuflado e apadrinhado de pretensões, benesses, pressões, coações ou influências que condicionam a decisão e posição individuais quando o assunto é a eleição dos nossos governantes locais ou nacionais.

 

Quanto maior a hegemonia de uma corrente político-partidária num determinado local mais forte é a pressão, por vezes, quase tirânica de uns relativamente a outros, assumindo nestes, frequentemente, uma forma de medo de admitir publicamente a sua visão sobre as opções político-partidárias e particularmente sobre a forma como a nossa terra é « governada. Não poucas as vezes somos confrontados com a posição de concidadãos que rejeitam participar em acções de informação nas campanhas eleitorais porque não podem ferir outras sensibilidades políticas sob risco de « prejuízo para o seu negócio local, assumindo assim sentirem-se pressionados e coagidos.

 

Efectivamente, há uma espécie de políticos que entende que quem não está com o seu projecto político, está contra si. Esses tais continuam a tomar a seu cargo o objectivo de ascensão quase de realeza política procurando súbditos, discípulos ou afilhados que garantam a continuidade da sua jornada sociopolítica, num único propósito de obtenção de proveito próprio, esquecendo a essência da política: a governação do e no colectivo. E apesar dos inúmeros exemplos de condenável compadrio, corrupção e contas com a justiça, muitas vezes estéreis, é certo, parecem repetir-se os mesmos erros geração após geração. Já Friedrich Hegel (1770-1831) constatava que “o que a história ensina é que os governos e as pessoas nunca aprendem com a história”. Será uma fatalidade?

 

A política tem sido, de facto, campo minado e privilegiado de muitos que buscam apenas a promoção social e económica para si próprios, um pouco por todo o lado.  Fátima tem sofrido de uma tendência de governação de partido único cujos responsáveis dão como certa a vitória independentemente da aptidão do candidato. Esta fiúza, para além de menosprezar a inteligência do eleitor, sustenta o compadrio e o interesse individual corrompendo valores e ideais de governação para o colectivo. A desilusão dos cidadãos na política é grande e evidente! Esse desencanto afasta a competência e o rigor da vida política e da gestão pública o que permite a entrada da dissimulada gestão para o individual.

 

Como impedir? Agindo!

Já Platão (428 - 348 a.C) arguia que "a punição que os bons sofrem quando se recusam a agir é viver sob governo dos maus". A mudança que todos almejamos começa em cada um de nós, agindo no e para o colectivo. Ficar invariavelmente na bancada proferindo, por vezes, bolorentas críticas muitas vezes maledicentes e recusar participar na vida comunitária ou política sob pretexto de "não terem jeito para a política"; ou não se identificarem com a classe que nos tem governado, é hipocrisia mascarada de pretensa cidadania. Esta falta de pró-actividade política é terreno propício para a libertinagem política. Não temos nem devemos estar todos do mesmo lado! A democracia alcança-se na diversidade, na divergência, na discussão e na transparência.

 

Prefiro ver meus amigos envolvidos em projectos políticos ainda que diversos dos aos meus ideais ou valores do que vê-los amorfos e desapegados da política. Por isso, aos "bons"; que da esquerda à direita ou em movimentos cívicos ou de independentes se preocupam e envolvem de facto na acção política e na gestão do colectivo local ou nacional, o meu mais franco reconhecimento e sincera vénia!

 

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