O novo coronavírus trouxe‑nos uma realidade desconhecida – o medo associado ao isolamento social. Ficar em casa, não estar com amigos, família, não poder ir ao trabalho, ao cinema, às compras, à praia, estar livremente ao sol! Temos de nos manter afastados, cumprir regras e mais regras, organizar a rotina dentro de casa e tentar afastar os pensamentos mais pessimistas e negativos. Na verdade, esta epidemia não é o primeiro desafio que a humanidade enfrenta e sim, estamos todos juntos numa estratégia comunitária que pode salvar vidas.
Impõe‑se pensar nesta epidemia como uma situação transitória para o que cada um contribui positivamente, o que nos pode ajudar a acalmar. Estar em casa e olhar para os nossos/telefonar para os nossos e sabendo‑os bem também nos pode tranquilizar pois, ao contrário do que queremos acreditar, não vamos todos ficar bem! Mas esta também é a “lei da vida”! E agora estamos no durante, porque o depois também já nos preocupa. A economia, o emprego, a educação dos filhos e o voltar à escola, a forma como passamos a estar com os outros e, também, o não saber quando podemos abraçar ou beijar quem amamos.
Não tenho conselhos milagrosos para vos dar (para me dar) mas, tenho algumas ideias:
• Cuidado com o excesso de informações, caso contrário a sua ansiedade vai aumentar. Veja notícias uma vez por dia, tenha a coragem de desligar deste assunto como forma de adquirir algum equilíbrio psicológico;
• Cuide de si, comendo saudavelmente e tente fazer algum exercício físico;
• Faça o que gosta já que está em casa e com mais tempo (por exemplo, pôr a leitura em dia);
• “Pratique resiliência”, olhando esta situação de forma realista e sem pânico. Tente perceber o que pode aprender com isto;
• Tente ter uma rotina, como arranjar ‑se, ter horários, não ficar todo o dia de pijama e sem nada fazer; • Fale (telefonicamente) com amigos que já não contactava há muito por falta de tempo;
• Peça ajuda se a sua ansiedade e angústia estão a interferir com a sua vida e o seu ritmo do sono.
• Se tem doença do foro psicológico (como, por exemplo, depressão), não falhe a sua medicação e esteja atento caso se sinta mais triste, pois pode ser necessário reavaliar o que toma.
Por fim, lembre‑se que, mais importante que os acontecimentos que nos afectam, é a forma como reagimos! Um pensador e escritor Stephen Covey fez o seguinte comentário: “A vida é 10% do que acontece consigo e 90% de como você reage”. Na verdade, acho que depois desta fase na nossa vida, nos vamos conhecer melhor, vamos conhecer melhor os outros e vamos dar valor ao que realmente interessa e nos faz felizes… como tanta vez tenho pensado nestes últimos dois meses “éramos tão felizes e não sabíamos”.
E que nunca nos falte a esperança de dias melhores! Um abraço virtual