Hoje venho falar-lhe sobre clickbaits. O conceito aqui apresentado é comummente conhecido por clickbait, considerado por muitos especialistas como um vilão do mundo virtual.
Na sua tradução literal, significa “isca de cliques” (Vito Santos, Setembro 2018), esta ferramenta de marketing é utilizada em plataformas digitais e pretende despertar a atenção do leitor através de títulos sensacionalistas que captam a atenção dos utilizadores, inclusive dos mais relutantes, fazendo-os “clickar”/ abrir o conteúdo, de modo a poderem saber mais.
Nos últimos três anos, muitos foram os artigos que abordaram a falha existente nesta estratégia: as pessoas abrem a ligação, mas na grande maioria das vezes ficam desapontadas com o fraco conteúdo, deixando de ir ao encontro da expectativa dos consumidores. As empresas ficaram satisfeitas com a quantidade de visualizações, embora mais tarde se tenham apercebido que as visualizações não se traduziam em vendas, prestígio ou notoriedade.
Porquê? A qualidade do conteúdo não perdeu a sua importância. Os gestores de conteúdo notaram que apesar de poderem ter acesso à quantidade de visitas que obtiveram através do título criado, não conseguiram obter mais informações sobre o mais importante, o comportamento do consumidor. Poderão saber se a pessoa gostou ou não do artigo, caso a pessoa se decida manifestar, caso não, a ausência de informação é grande. Não conseguem saber, por exemplo, se a pessoa leu ou não o conteúdo, qual a parte mais interessante para si.
Em última instância, esta ferramenta tem qualidades, aumenta o número de visitas num site, sendo uma ferramenta de publicidade útil em termos de promoção, ganhando a empresa espaço e terreno neste espaço imersivo simulado através de recursos computacionais que é a internet. Os criadores de conteúdo conseguem hoje ter acesso a certos dados que anteriormente não conseguiam aceder, por exemplo, quanto tempo a pessoa teve o conteúdo aberto.
O próprio comportamento do consumidor alterou-se, não podendo alongar muito esta questão, pelo limite que me é oferecido, após todo o ruído que houve em volta da Política de Privacidade, que visa proteger o consumidor, sabemos hoje que este se mostra, na sua maioria, despreocupado com os dados que fornece às plataformas das empresas. O consumidor está disposto a abrir mão da sua privacidade para ter as ofertas ajustadas à sua procura. A pesquisa feita pelo consumidor é refinada através de inúmeros algoritmos, maioritariamente desenvolvidos pela Google, que permitem que o consumidor não perca tanto tempo nas suas pesquisas, ou que a internet simplesmente lhe ofereça conteúdo que a ele, particularmente, lhe interesse.
Esta decisão afasta muito do conteúdo que a pessoa considera menos interessante e, com a quantidade de informação que inconscientemente colocamos nos nossos dispositivos, sejam eles móveis ou não, torna-se difícil protegermos os nossos dados e informações. A conclusão que podemos retirar enquanto clientes é que a opção de abrir o título sensacionalista foi, só e apenas, nossa, não colocando em perigo o nosso livre arbítrio. O principal consciencializador da prática abusiva desta técnica foi o Facebook, não favorecendo conteúdos sensacionalistas, dando prioridade a canais de comunicação fidedignos através do incremento de ferramentas que visam filtrar a origem da informação.
Em 2019, os últimos indicadores não apresentam uma redução na utilização das redes sociais, nem das pesquisas efectuadas no motor de pesquisa mais utilizado no mundo, o Google. Diariamente o cenário é de: 500 milhões de tweets escritos por dia, 4.3 biliões de mensagens no Facebook postadas e 6 biliões de pesquisas no motor Google (gwava.com). Os utilizadores tornaram-se mais ávidos na selecção dos seus clicks, não “caindo” tão facilmente em manchetes com títulos considerados sensacionalistas.