No jornal Público desta terça-feira, foi publicada uma interessante notícia sobre uma providência cautelar interposta pelo Automóvel Clube de Portugal contra a colocação de grandes painéis publicitários em Lisboa. Embora o enfoque tenha sido dado ao facto de poderem distrair os condutores e provocar acidentes, se calhar deveríamos olhar com mais atenção para este flagelo que se está a generalizar.
Falar de descaracterização da paisagem urbana é falar da enorme quantidade de painéis de publicidade que encontramos na auto-estrada à medida que nos aproximamos de Lisboa. Não há o mínimo critério na sua aprovação, até porque quantos mais houver, mais renda mensal ou anual recebe o município.
Por cá, nos discursos oficiais, sempre que é preciso cativar os fatimenses, põe-se a enfâse no facto da nossa cidade ser um caso singular no panorama nacional, que é preciso ser vista, planeada e tratada de forma diferente e depois … descuram-se os pormenores.
Se queremos criar uma envolvência diferente, que atraia quem nos visita, não podemos continuar a cometer os mesmos erros que no passado já foram cometidos por uma urbanização desordenada e com grandes erros ao nível paisagístico. É importante que esteja a ser feita a requalificação da chamada Estrada de Minde até ao limite da freguesia, mas depois permitir que a Rotunda das Oliveiras seja inundada de cartazes publicitários, é algo que me parece surreal. Esta descaracterização de uma das entradas da cidade, devia levar-nos a reflectir com o que deveria sobre o modelo que queremos para Fátima. Já em várias crónicas tenho alertado para a poluição visual que vai cada vez mais servindo de cartão de entrada a quem nos visita. E por mais tentadora que seja aceitar esta publicidade (é dinheiro fácil que entra nos cofres do Município), temos de pensar na qualidade de vida da nossa cidade.
Não se trata de ser contra o progresso económico ou de professar uma qualquer ideologia radical. Longe disso. Só que para proteger a particularidade de Fátima, têm de ser criadas normas e impostos limites nesta área. Tem de existir uma sensibilidade e uma ética responsável, assente num planeamento do que é e do que se pretende para a cidade. O lucro fácil nem sempre é o caminho do futuro.
Leia a notícia completa na edição de 13 de Setembro de 2024
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