A título de exemplo, para um dos testemunhos, falámos com Aurélia Silva, que reside com a família em Vancouver, no Canadá, há oito anos. Partilhamos parte do seu relato, que será publicado na íntegra na próxima edição, e o registo fotográfico [no final do texto] que nos fez chegar.
Aurélia Silva é professora de Português em regime part-time e Educadora de Infância a tempo inteiro. O seu marido, Horácio Silva, é empresário. Estão ambos em casa com a filha mais nova. Embora vizinhos da outra filha, não a veem, nem ao genro e aos netos, porque também eles estão, como muitas outras famílias, em isolamento voluntário em casa.
O pai da Aurélia, as irmãs e os sobrinhos estão em Boleiros/Fátima. "Partilho convosco esta foto em conversa pelo skipe. É uma preciosidade, uma foto muito ao natural, no conforto das nossas casas a matar saudades uns dos outros.... Adoro esta foto, estamos todos com sorrisos, as minhas filhas, os meus netos, as minhas irmãs, o meu pai... Com estas tecnologias é muito mais fácil aguentar a distância, as saudades. A minha irmã Almerinda está a usar um boneco peluche para entreter os pequenos. E, sem me dar conta, - só agora é que vi! - na parede está a foto da minha mãe [já falecida], na cozinha dela, como se estivesse ali no meio de nós a proteger-nos a todos. Esta foto foi tirada há uns dias, julgo que foi a semana passada.... Nem sei a quantas ando!"
Horácio Silva celebrou o seu aniversário a 25 de Março . "Jessica, a minha filha mais velha, fez a surpresa de vir a nossa casa, trouxe bancos de casa dela para colocar um bolo e o postal de Parabéns à porta da nossa casa. Tocou à campainha e, quando o Horácio abriu a porta, a surpresa estava ali, com a Jessica a uns metros de distância, querendo dar um abraço e um beijinho ao pai e não podendo. Fui logo buscar o telemóvel para tirar foto à surpresa. À noite, depois de jantar, fizemos uma videochamada, cantámos todos os Parabéns. Aquela metade do bolo ficou em nossa casa, a outra metade na casa dela. Adoro o pormenor do cartão com a foto do Horácio e dos netinhos!! Não houve jantar de familia nem presentes, apenas esta surpresa maravilhosa da Jessica! Ainda bem, pois eu para fazer bolos, é para esquecer!"
À semelhança do que se passa em muitas cidades do mundo, “há menos pessoas nas ruas, os parques públicos e a maior parte dos estabelecimentos estão fechados: pequenas empresas, bancos, ginásios…”. Nos supermercados começa a haver prateleiras vazias.
“Em casa, aproveitamos o tempo livre para descobrir novos talentos e sermos produtivos. Sentimo-nos privilegiados por podermos estar no conforto do nosso lar, e a Internet ajuda-nos a estar em contacto constante com os nossos familiares em Portugal”.
"Estou a ensinar costura à Marina [a filha mais nova]. Ela começou por fazer mascaras e fitas para o cabelo, a condizer. É o que se chama juntar o útil ao agradável! Neste momento está a fazer almofadas decorativas, tops de Verão e máscaras para as amigas".
A Aurélia e o Horácio dedicam-se mais afincadamente à pintura, hobby que ambos apreciam. "Não chegamos aos calcanhares da [irmã] Almerinda [Almerinda Pereira]! Mas ocupa-nos horas a fio!".
“Uma amiga minha de Santa Maria da Feira que é personal trainer e tem um ginásio, agora está a dar aulas online. Faz directos todos os dias para o nosso grupo do ginásio. Também tenho acompanhado os directos de um amigo fadista das Caldas, o Emanuel Soares, com fados e outras músicas portuguesas, e, claro, acompanho os vídeos do Nuno Martins, daí de Boleiros, que são uma delícia”, descreve.
“O nosso desejo é que este pesadelo passe bem rápido para podermos abraçar a nossa família novamente e poder seguir em frente com os planos de Verão em Portugal”.
Até breve! – Isto dizemos nós!
#fiqueemcasa