Trinta e dois municípios portugueses declararam a tourada como património cultural imaterial, distribuídos por Portugal continental e Açores (Angra do Heroísmo e Graciosa).
Em Espanha, já no século XIII, nas famosas Partidas de Afonso X, “O Sábio”, a tauromaquia era reconhecida como constituindo património cultural imaterial, digno de protecção em todo o território espanhol.
No sul de França, graças à acção do poder local, as corridas de touros são desde 2012 consideradas excepção cultural, inseridas no inventário nacional do Ministério da Cultura como património cultural imaterial.
A preservação do património genético do touro bravo, depende dos festejos taurinos e da tourada em particular. Esta realidade cultural, espectáculo colorido, onde se concilia arte com emoção, integrada ou não em festejos populares, associada a uma memória colectiva duma vasta comunidade humana, deve ser reconhecida como património cultural pela UNESCO.
Todas as tentativas para acabar com a tourada, têm sido condenadas ao fracasso, com destaque para a célebre bula Salute Gregio Dominici do Papa Pio V em 1567, a proibição do Bourbon Carlos III, recém-chegado a Espanha, no século XVIII e a proibição das touradas em Portugal durante o governo de Paços Manuel no reinado de D. Maria II em 1836. Os touros de morte em Portugal foram abolidos definitivamente em 1933, legalizando-se em 2002 as excepções de Barrancos e Monsaraz.
Actualmente, o antitaurismo organizado, com o objectivo de abolir as touradas, conta com o apoio logístico e financeiro de algumas organizações internacionais: PETA (Pessoas para o Trato Ético dos Animais); CAS (Comité Anti Stierenvechten); HSI (Human Society International); LACS (Ligue Against Animal Cruelty); WSPA (World Society for the Protection of Animals), que dispõe de 225 empregados a tempo inteiro para intervir activamente em campanhas antitaurinas em França, Espanha, Portugal e América Latina.
A nossa Corrida à Portuguesa, sem touros de morte, salvo as excepções, é uma lide a cavalo, rematada com a pega. Os forcados são para os aficionados portugueses, a seguir ao touro, os heróis da festa. A primeira referência histórica à actuação de forcados, data de 10 de Outubro de 1661 nas corridas de touros no Terreiro do Paço em Lisboa, nas comorações do acordo de casamento entre D. Catarina de Bragança e Carlos II de Inglaterra, com a função de protecção do palanque real. Em 11 Setembro de 1676, no reinado de D. Pedro II, que também pegou touros, foi publicada uma lei a impor o corte das pontas dos cornos aos touros. No reinado de D. Maria II, os cornos dos touros passaram a ser embolados, como reforço da proteção dos cavalos e pegadores. Actualmente existem 50 grupos de forcados amadores com cerca de 1500 elementos no total, sendo o mais antigo o de Santarém (1915). O Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, fundado em 1974, integrou no seu elenco dois corajosos e valentes forcados, naturais de Fátima, Paulo Marques e Fernando Fetal. Com grande apreço pela tauromaquia em geral e à corrida à portuguesa em particular, dedico a todos os aficionados, em especial aos forcados, os versos que se seguem, confiante num futuro risonho para a tauromaquia, brindando à nova Praça de Vinhais, inaugurada em 2012.
Toca o clarim, salta para a Praça,
Ajeita a jaqueta. Eh touro lindo,
Chama o forcado, cheio de raça,
O animal que está bramindo.
Reúne o grupo para a investida,
Os ajudas mostram valor,
Pega à córnea a fera ferida
E remata o rabejador.
Volta à praça, ovação geral
Palmas e olés ninguém nega
Porque a tourada em Portugal
Só tem valor com a pega.
Coro
Desafia a morte com altivez
Na arena vive o seu fado.
O orgulho de ser português:
Ser fadista, ser forcado.