As cores outonais provocam uma encantadora nostalgia e trazem-nos à memória recordações de épocas passadas.
Este ano fica marcado pela crise pandémica.
O verão de São Martinho marcou presença, mas faltou a feira da Golegã, evento centenário, ponto alto das tradições ribatejanas, a segunda maior feira do cavalo, a nível mundial, destino de milhares de visitantes nacionais e estrangeiros.
O ritual da água pé, no concelho de Ourém, começou no princípio de Setembro, fazendo esquecer o “Velho” e o “Medieval”, produto regional de características únicas em Portugal e no resto do mundo, uma referência nos vinhos históricos.
O último que provámos, na adega do “Ti Carlos” do Favacal, Carlos Sousa, nome comercial, revelou-se um néctar excepcional, tal como um tinto, colheita de 2019, um dos melhores vinhos regionais engarrafados, “Encostas d’Aire”, que saboreámos nos últimos anos.
Nesta época recordamos sempre os amigos e familiares que já partiram e à semelhança de anos anteriores, por falta de espaço, lembro apenas alguns, não significando que os demais estejam esquecidos, que foram personalidades marcantes na sua época e deram um contributo positivo para a história de Fátima.
O Sr. Eleutério de Magalhães, homem do Norte, nasceu a 5/10/1925, faleceu a 04/03/1990, funcionário do Santuário, empresário, deputado municipal, uma figura pública, apoiante das causas sociais, com uma grande capacidade de comunicação, sempre com o característico sotaque do Norte e um sentido de humor único.
O Sr. David Serralheiro, natural de Santa Catarina da Serra, nasceu a 04/10/1927, faleceu a 06/05/2001, empresário, mediador de seguros, deputado municipal, um pensador, homem “sem Coimbra, mas com muita tarimba”.
O António das Neves, natural de Fátima, nasceu a 27/10/1947, faleceu a 06/09/2012, bancário, músico, colaborador da Paróquia durante várias décadas, como cantor e como maestro. Pena que o seu nome não tenha sido lembrado, com o devido e merecido realce, nas comemorações dos 500 anos da Paróquia.
O Sr. António Gomes Vieira (Ganita de alcunha e marca do vinho e outros produtos por ele comercializado), natural de S. Mamede, nasceu a 19/09/1919, faleceu a 06/09/1987, foi o fundador e dinamizador de um importante grupo económico familiar. Também Fátima beneficiou da sua dinâmica empresarial. Pessoa afável, divertida e generosa, com um grande sentido de rectidão, marcou quem com ele conviveu.
O “bichinho” pelo negócio do vinho teve continuidade nas gerações seguintes, com destaque para três dos seus netos: o Saul Vieira, mais vocacionado para a exportação; o Luís Vieira, uma referência a nível nacional nesta área; a neta mais nova, a Bárbara Monteiro, que assumiu o projecto Mainova, no Alentejo, onde se produzem e começaram a ser comercializados vinhos de qualidade superior, dos melhores que se produzem no país e azeites já premiados em concursos internacionais. Sendo um projecto iniciado pelos pais, a Isabel Vieira e o José Luís, apanhou o comboio em andamento, mas logo passou para o lugar de maquinista, atingindo o patamar do sucesso, fruto de rigor, qualidade, profissionalismo e competência.
Termino com os parabéns e votos dos maiores sucessos à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Fátima, que este ano comemora os 25 anos de existência. Foi constituída por escritura Notarial em 22 de Abril de 1995. Dos associados fundadores e que integraram os corpos sociais, recordo os que já faleceram: o Sr. Vasco Perfeito, o António Pereira “Choina” e José Silva Reis “Salazar”.