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Cília Seixo

3 de abril, 2020

Nação valente…

Há um ditado popular que diz que é nos momentos de aflição que, pelas acções, se vê o carácter das pessoas, os sentimentos que nutrem pelo próximo. Sendo esta a época mais difícil que alguma vez vivemos, não tenho dúvida que o carácter dos portugueses se tem revelado à altura das circunstâncias e surpreendido todos.

 

Temos um país que em duas semanas mudou radicalmente de vida: uns adaptaram‑se a viver e a trabalhar confinados a um espaço limitado, a usar tecnologias que provavelmente nunca teriam usado; outros, continuaram a sair para trabalhar, apesar de todas as condicionantes, para manter a vida de todos a funcionar.

 

Em todo o país, rapidamente, as instituições politicas, os serviços de saúde, a segurança, a protecção civil, instituições diversas se articularam; gente comum, através de redes sociais, organizaram grupos de apoio, um sem número de voluntários que, qual soldados da paz, se preparam para resolver os problemas de todos os que precisam: ir ao supermercado e farmácia, pôr as crianças em casa a estudar, a fazer exercício, os adultos a ver espectáculos, a adquirirem formação; as fábricas rapidamente se readaptaram ao fabrico de material de protecção e segurança dos profissionais de saúde e da protecção civil; impressoras 3D fazem viseiras; costureiras fazem máscaras e batas; cientistas e investigadores desenvolvem testes para detectar o vírus… tudo em Portugal! Em muito pouco tempo, pusemos a funcionar uma enorme engrenagem, deixámos de nos preocupar com futebol, corrupção, justiça, viagens, ou moda para contribuir para uma causa comum: a nossa sobrevivência.

 

Não estamos a salvo, nem temos o problema resolvido. Temos, pelo contrário, meses de luta pela frente. Mas temos a consciência daquilo que somos capazes de fazer em muito pouco tempo. Percebemos como, articulados face a um inimigo comum, temos a capacidade de colocar em funcionamento um sistema capaz, não  só de nos manter vivos, mas de nos fazer acreditar que vale a pena unirmo‑nos e trabalharmos em conjunto. Portugal é neste momento, comparativamente com os seus vizinhos europeus, um caso único, que começa a emergir na imprensa internacional como um exemplo no modo de lidar com esta pandemia. Portugal e cada um dos portugueses. Há neste momento um sentimento de responsabilidade individual e de grupo, uma confiança, uma noção de competência, que gostaria que ficasse registada no nosso ADN.

 

É verdade, estamos ainda longe do fim, segundo dizem os especialistas. Mas o que fizemos até aqui é notório e motivo de orgulho para todos. Passámos uma crise financeira que nos pôs de rastos; passámos, a par disso, por traumáticos incêndios que ainda nos estão na memória, mas a adversidade ensinou‑nos. Somos hoje um país com conhecimento, com informação, com desenvolvimento científico e tecnológico, com domínio de competências sociais e de cidadania que nos dão o que neste momento único e terrivelmente difícil das nossas vidas precisamos: resiliência e união. A Covid 19 é o inimigo comum que enfrentamos; estamos a fazê‑lo com confiança e valentia! Vamos continuar e venceremos essa guerra.

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