A dor é uma experiência complexa, individual e multifactorial, que pode aumentar em situações de cansaço, insónia e isolamento.
O ideal é que a dor seja controlada e o doente esteja o maior número de horas sem a sentir, podendo dormir e ter a sua vida o mais activa possível.
São vários os fármacos (analgésicos) para tratar a dor sendo adaptados às necessidades de cada doente. A equipa que o segue irá indicar os medicamentos mais ajustados a cada caso clínico e as horas em que devem ser dados. Sempre que possível os medicamentos devem ser tomados pela boca, a intervalos regulares, sendo que respeitar os horários é fundamental. Em caso de surgir uma dor, de forma brusca, existem outros medicamentos para essas situações.
Há analgésicos opióides (por exemplo a morfina) que, sendo dados para uma dor mais intensa, não podem ser parados de forma repentina, só sob aconselhamento de um profissional de saúde. Alguns dos medicamentos para a dor podem ter efeitos secundários indesejáveis como seja náuseas, vómitos, prisão de ventre e sonolência, que, normalmente, melhoram, mas podem exigir que se tomem outros fármacos para controlar estes efeitos.
Aproveito este tema para vos elucidar sobre mitos e crenças frequentes associados ao uso da morfina:
• “A morfina é um medicamento perigoso” / não é verdade, se utilizado nas doses correctas é excelente para controlar a dor;
• “Só se usa morfina na etapa final da vida” / não é verdade, estes medicamentos usam‑se em diferentes doenças e etapas desde que haja dor;
• “Se se usar a morfina não fica nada para quando a dor for ainda mais forte” / não é verdade porque não existe efeito máximo, sendo que a dose pode aumentar se necessário;
• “Se se usa a morfina é porque o doente é um drogado” / este não é um problema, sendo a dependência muito rara.
Não ter dor é o essencial!
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Artigo publicado na edição impressa de 8 de Maio de 2020 do Notícias de Fátima.