“A treze de Maio
Na Cova da Iria,
Apareceu brilhando,
A Virgem Maria.”
In Avé de Fátima
Em 1917, Portugal participava na I Guerra Mundial. No ano seguinte, a humanidade foi vítima da famosa Gripe Espanhola, também denominada Pneumónica. Fátima registou a Primeira Aparição de Nossa Senhora em 1917. Nos anos 1919 e 1920, respectivamente, São Francisco e Santa Jacinta Marto pereceram da epidemia gerada pela Pneumónica. Portugal, segundo o que a história nos conta, era um país com diferentes realidades. Lisboa, enquanto capital do país, teve quem vivesse num cenário aproximado das grandes capitais europeias, “os loucos anos 20”: excesso, euforia económica e actividades culturais intensas. A par dessa realidade, a situação política era extremamente instável e o povo português não podia ser caracterizado como homogéneo, tendo em conta as dificuldades económicas que tantos enfrentavam. Com esta pequena reflexão histórica pergunto-me que rumo tomará o nosso país quando a epidemia que presenciamos passar. Sabemos que vamos estar nos livros de história um dia, sabemos também, que as contagens de óbitos serão mais fiéis à realidade do que as que foram feitas aquando da Pneumónica no século XX.
Criei este paralelismo porque na escuridão do Pós Grande Guerra, houve espaço para a luz. Esse espaço deve existir, a esperança não deverá ser perdida, na certeza de que melhores tempos virão.
A história pode ser uma enorme ajuda, para antevermos quais poderão ser os próximos desenvolvimentos no mundo, em traços gerais. Em 1918, o alcaide de Madrid, Luis Silvela y Casado, tomou medidas para tentar conter o contágio na capital do país que deu nome à pandemia. Essas medidas não foram assim tão diferentes, face às que enfrentámos e continuamos a enfrentar: desinfecção de espaços, isolamento de doentes infectados, suspensão de aulas nas escolas, confinamento, etc.
Posto isto, não devemos deixar que a humanidade mergulhe no negativismo, no excesso, nem em extremismos.
“Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”
In Régio, José, Cântico Negro, 1926.
Na nossa terra, coube ao Santuário de Fátima, à Junta de Freguesia, à Autarquia, a todas as Entidades, Associações, Instituições e Habitantes participativos, construírem a cidade de Fátima como hoje a conhecemos. Na minha modesta opinião, Fátima enfrentará, no futuro, dificuldades ainda mais acentuadas do que as actuais, económica e socialmente.
Só sairemos melhor se nos mantivermos unidos. Podemos e devemos aproveitar este tempo para desenvolver soluções para o futuro, que será, sem dúvida, diferente. Devemos melhorar a nossa oferta e a estrutura da nossa cidade. É com um enorme sentimento de esperança, de que tudo vai terminar bem, que finalizo este artigo de opinião.