Esta vai ser uma crónica difícil. O espaço é exíguo, há muitos assuntos novos, que na verdade não trazem nada de novo, mas muitas pontas soltas para desfiar.
Tomou posse um novo governo. O novo governo é velho e já nasce agastado, com as mesmas caras, e o mesmo estilo e fastio bafiento. Já nasce tão cansado, que só vamos ter orçamento em Janeiro de 2020.
Acrescentaram‑se caras novas. Dizem que este é o maior governo de sempre. À falta de ter alcançado uma maioria absoluta, António Costa consegue a proeza de constituir o maior governo minoritário de sempre. É obra.
O novo governo tem 79 membros, mais dois que o maior grupo parlamentar da oposição (PSD – 77 lugares na nova Assembleia).
Agora Costa ganha claramente. Dizem que só vai durar dois anos, dizem. Dizem que é maior, porque vão ter mais trabalho e maiores responsabilidades, num curto espaço de tempo. Dizem que é por causa da questão da presidência rotativa da União Europeia ‑ Portugal em 2021. Também dizem que é por causa das eleições autárquicas. Que já estão focados nelas.
Dizem que vai haver uma nova crise. Mas crises houve sempre, e acabamos sempre por superá‑las e sair delas. Se bem que este país nunca deixou de as ter, nem nunca saiu verdadeiramente delas. Mais do que fatalidade, já é desígnio.
Dizem muita coisa. Eu acho que tudo não passa de desculpas. O facto é que ninguém sabe o que dizer, nem como analisar.
Será que é mais uma daquelas “brilhantes” estratégias do Costa? Daquelas em que é tão exímio e perito? E com que finalidade? Vamos ter que esperar para ver. Está tudo muito baralhado e confuso. Mas não é só por cá, é por todos os cantos do mundo.
Ao nível da autarquia também continua tudo na mesma. Agora parece que temos uma troika bicéfala no executivo camarário. Quem pelos vistos despacha, põe, dispõe e impõe, são dois empresários fatimenses, dizem. Que pensam mais nos seus interesses particulares, do que no interesse público, também dizem. E que o presidente da câmara é apenas verbo de encher. Tal como foi o anterior, a partir do meio do mandato.
Diz ‑se muita coisa, mas no final tudo não passa de conversas de café, e ninguém faz nada.
A oposição é praticamente inexistente e mal preparada. Não existe debate. Parece que não o sabem fazer. Nunca se viu uma coisa assim. É atroz.
Por isso continuaremos a falar e a discutir a questão do concelho de Fátima. Ao menos assim, poderemos criticar aberta e directamente os nossos.
P.S.: P.S.: O título desta crónica [Olhar de Frente — Ver Diferente] passará a ter carácter definitivo a partir desta edição. Para além de nem sempre ser fácil arranjar‑se um novo título a cada quinze dias, obvia a que ocorram lapsos e enganos como os da última edição deste jornal. O título é parte intrínseca e constitutiva do assunto que se visa tratar, e quando ocorrem lapsos, acaba por se perder o critério da actualidade e da oportunidade. Além de que um dos defeitos da escrita jornalística, é o facto de ela se desactualizar e envelhecer rapidamente. Contingências dos tempos actuais. Por outro lado, sempre se convida o leitor a ver as coisas de frente, de preferência com uma visão diferente. É um desafio.