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Jorge Perfeito

19 de fevereiro, 2020

Olhar de Frente – Ver Diferente

 As questões relativas à ética e transparência têm sido dominantes em todas as discussões e comentários políticos, a propósito de tudo e mais alguma coisa. É caso para dizer que mais vale tarde do que nunca, tanto mais que hoje em dia tudo se expõe a nu e se discute em na comunicação social e nas redes sociais. Com isto quer-se dizer que todos os que ocupam lugares de relevo na hierarquia do Estado, devem agir com rigor, competência, transparência e sentido ético do dever, no estrito cumprimento das funções, com elevado sentido de estado e no interesse público, em detrimento dos mesquinhos interesses particulares que possam ter, de modo reflexo ou paralelo. Mas não é a isso que temos assistido ao longo dos anos, no que diz respeito à CMO e à freguesia de Fátima, pródiga em atitudes e comportamentos duvidosos e nada ortodoxos no que respeita à tal ética e transparência.

Há semanas atrás o senhor presidente da CMO teve o desassombro de vir dizer-nos que não havia investimento em Fátima por não haver projectos. Depois, para mal justificar a gaffe, anunciou com alguma pompa e circunstância a grandes obras previstas para a freguesia, e que são: a requalificação da estrada de Leiria; a estrada de Minde; a ecovia da estrada da Ortiga; e o cruzamento das ruas Dr. Júlio Constantino e Anjo de Portugal. Vamos a ver se vão a tempo de fazerem alguma coisa e de apresentarem resultados, quando faltam menos de dois anos para as eleições autárquicas, sem que até agora tivessem feito algo que se visse. Mas há aqui dois ou três pormenores bastante curiosos que não devem passar em claro, porque algumas destas obras vão favorecer directamente os interesses particulares de pessoas e empresas que ocupam lugares de destaque na gestão, ou co-gestão(!?) camarária. Vamos referir apenas dois exemplos. Sem pôr em causa a imperativa necessidade das obras da estrada de Minde, derivado do calamitoso estado em que há muito se encontra, desde os semáforos de Boleiros até ao limite da freguesia, o facto é que não terá sido por acaso que essas obras sejam levadas a cabo na mesma altura em que se revê e altera o PDM, para beneficiação dos acessos de uma zona industrial (que já deu raia por causa da alienação dos terrenos da PPP- FATIPARQUES, SA.), acrescentando ainda que na outra margem há imperiosa conveniência em se legalizarem amplas áreas afectas a investimentos industriais de índole turística e hoteleira, cujas obras feitas ao longo dos anos nunca respeitaram as prescrições legais, sem que alguém alguma vez tivesse sido incomodado por isso. Outro facto onde a CMO revela a sua complacente generosidade, é quando se dispõe a fazer melhoramentos na confluência das ditas ruas Dr. Júlio Constantino e Anjo de Portugal, no sítio onde surgiu um empreendimento imobiliário, em que por mero acaso, o promotor e construtor preside a uma associação colectiva de interesse público. Nada disto teria de extraordinário, se não conhecêssemos os anteriores procedimentos da CMO nesta área. Qualquer promotor ou indivíduo, que quisesse levar a cabo a construção de uma vivenda, de um edifício, ou um loteamento, era logo onerado com condições sine qua non, para que procedesse a expensas suas à requalificação dessas áreas, desde afastamentos e cedências para o domínio público, à implementação de passeios, estacionamentos, ilhas ecológicas, e o mais que se lembrassem. Mas aqui, paradoxalmente é a CMO que assume esses ónus. Não lhes fica mal, mas é caso para questionarmos se não há dois pesos e duas medidas, consoante a cara do freguês. Poderíamos enumerar mais uma dúzia de outros casos, alguns verdadeiramente antológicos, mas por falta de espaço ficamos por aqui. Não sem antes lançarmos um repto a quem quiser continuar a desempenhar este tipo de funções político-públicas. Em nome das tão propaladas ética e transparência, por uma questão de dignidade, idoneidade e verticalidade de carácter, venham a terreiro revelar e tornar públicos os interesses patrimoniais e particulares, quer colidam ou não com as alterações a levar a cabo com as alterações do PDM e do PUF, entretanto já em marcha.

Senão o fizerem, certamente que muito se falará no decurso das campanhas que se avizinham, se se recandidatarem. Vale aqui o velho adágio: “Bem prega frei Tomás, faz o ele diz, não faças o que ele faz”!?...

Boa quinzena para todos.

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