O senhor ex-vereador, renunciante, foi presidente da junta de freguesia de Fátima, cumprindo dois mandatos e meio naquela função, até lá colocar o actual, para que continuasse a fazer o trabalho e mantivesse o expediente, dado que o que realmente lhe interessava exigia outro tipo de plataforma.
Naquele tempo, em que era presidente da junta de freguesia, foi abordado por este colunista, para o colocar a par acerca de um assunto sério, que consistia na usurpação ilegal do leito de uma estrada, em pleno centro da cidade de Fátima, que tinha sido indevidamente ocupada e murada pelos proprietários de um hotel confinante com a mesma, transformando-a posteriormente em parque privativo do referido estabelecimento. Tratava-se mesmo de uma estrada, a mais antiga e primitiva de todas, que ligava Lisboa e Porto nos tempos das carruagens e das malas-postas, desde os passadíssimos séculos XVIII e XIX. Essa estrada foi interrompida e desviada, aquando da construção do santuário. Mais tarde, fizeram-se várias ruas na cidade, e essa tornou-se caminho público vicinal, até ser indevidamente ocupado e usurpado, no tempo em que Mário Albuquerque foi presidente da CMO, sem que o mesmo nada tivesse feito, nem tomado nenhuma medida.
Confrontado por mim, o na altura presidente da junta Natálio Reis, respondeu-me liminar e peremptoriamente:
“– Olha lá, pensas que eu estou para me chatear com as coisas que os outros fizeram antes de mim? Tenho mais que fazer. Estou aqui para tratar de outros assuntos”.
Foi assim, tal e qual, porque somos de nos tratar por tu, apesar de não propriamente amigos. E ficou-me registado.
Quanto ao assunto desse caminho público, avançou-se para a justiça, subindo todas as instâncias durante quase 20 anos, tendo-se ganhado em todas. Recentemente, para obviar à execução da sentença, no sentido de ser devolvido ao público o caminho indevidamente ocupado, saiu da cartola mais um processo, este da competência dos tribunais administrativos, em que os ocupantes exigem que a CMO abra mão desse caminho em benefício desse particular, sem qualquer contrapartida.
Só visto. Só nesta câmara é que acontecem este tipo de coisas. E mais grave que isso, se permitem. E tal assunto era da específica competência do ex-vereador renunciante, que detinha esse pelouro. Não nos venham, portanto, dizer que não existe aqui favorecimento, nem compadrio. Porque existe, clarissimamente.
Vem isto ainda a propósito da entrevista que o referido senhor veio dar ao semanário regionalista O MIRANTE, evasiva e desinteressante, onde nada disse, o que não é de admirar, já que o próprio não é especialmente dotado em termos de retórica e oratória.
Não que sem antes, porém, duas senhoras jornalistas do referido semanário, tivessem abordado o autor desta coluna de opinião, fazendo-lhe uma entrevista, contendo duas partes, uma off the record e outra pretensamente gravada, em que lhes foi transmitida informação detalhada que desconheciam, nem tinham modo de conhecer. Resultou claríssimo que teve conhecimento prévio das informações fornecidas, que mais ninguém sabia, para depois lhe terem feito uma entrevista, nitidamente encomendada, em que muito atabalhoadamente se tenta desculpabilizar, admitindo o seu rol de interesses, que até então tinha omitido e ocultado.
Pelo que, vir depois querer desmarcar-se e chutar para canto, no que diz respeito às pedreiras, ao não conhecimento das tramitações e condições negociais da junta de freguesia, relativamente à casa mortuária, desafectação e alienação de terrenos baldios e caminhos vicinais, é vir de novo omitir e mentir com desfaçatez. Pois que nunca teve conhecimento de outra coisa. Fica aqui dito, que não nos escudamos no anonimato, nem sob pseudónimo.
Quanto à deplorável falta de ética por parte das senhoras jornalistas do semanário, que nem se inibiram de questionar a duvidosa credibilidade deste humilde opinante, sinal de que vinham bem encomendadas e referenciados, não é coisa que nos incomode especialmente.
Nem que não publiquem a entrevista que lhes foi concedida. É mais que sabido e consabido, estar aquele órgão de comunicação social sempre pronto a aparar e a amparar o nepotismo albuquerquiano. Basta ver as publicações online dos últimos dias, relativamente a diversas inaugurações e eventos no concelho, tão anódinos quanto desinteressantes, para daí se extraírem as devidas ilações.
Por fim, do ponto de vista da oposição, continuam sem saberem proceder da forma adequada que lhes compete, no sentido de requererem se averigúe quem são os proprietários e beneficiários directamente favorecidos pelo novo PUF, e em que medida é que o foram, encaminhando essa informação para que seja devidamente investigada pelos competentes órgãos.
Aguardemos agora pela AMO, onde certamente iremos assistir a mais um festival de loas e cumplicidades.
Tenham uma óptima quinzena.