1. Internacional ‑ A Europa (UE) está cada vez mais agastada com a situação do conflito russo‑ucraniano e as mais que previsíveis consequências, que, aliás, já se fazem sentir. À decisão apressada, quase instantânea, que levou a Suécia e a Finlândia a porem cobro a uma longa neutralidade para pedirem a adesão à NATO, seguiu‑se a reacção da Turquia no sentido de se opor à mesma, ao mesmo tempo que Putin desvalorizou de imediato a pretensão desses dois países, não lhe conferindo especial relevância. Já quanto à oposição pela parte da Turquia, os contornos são mais movediços. A Turquia, que há anos vem observando, insinuando‑se e perfilando‑se para aderir à UE, e que recebe dela milhões e milhões para poder confinar e sustar em campos, as hordas de refugiados que atravessam o mediterrânio, viu‑se ultrapassada pela precipitada e irreflectida posição por parte da UE, em abrir de par em par as portas â Ucrânia para que entre nessa união, o que já sabemos, não se afigura fácil, além de o processo ser longo e moroso. Há imensas contradições nisto tudo, e a UE, longe de unida, contrariamente ao que se veicula, segue encostada e a reboque dos EUA.
2. Nacional ‑ Se internacionalmente é o que se vê, a política nacional segue num autêntico marasmo. Com o PS a ocupar todos os lugares de destaque e acessórios (parlamento, governo, autarquias, institutos CCDR, etc.), sem qualquer oposição à altura para os anos que se adivinham, não se pode dizer que isso seja bom. Pelo contrário, é perigoso e dá azo a que daqui para a frente, surjam e se espalhem focos de corrupção e favorecimento aos mais diversos níveis. Com a esquerda perdedora, anacrónica e sem discurso, que não se consegue renovar, e uma direita fragmen‑ tada, quando não desaparecida, e à procura de si própria. O PSD, lá elegeu novo líder. Resta saber se é para durar, ou mais um nome para queimar. Vai ter pela frente 4 anos e meio para se reorganizar e ser oposição. O PSD pós‑cavaquista, nos últimos 27 anos, foi sucessivamente queimando todos os seus maiores quadros: Fernando Nogueira, Marcelo, Durão, Santana, Marques Mendes, Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho e Rui Rio. Peço desculpa se a ordem não estiver correcta e se me esqueci de algum pelo meio. Dez líderes em 17 anos, dá uma média de 2,7 anos por cada um deles, o que nem dá para aquecer o lugar; ao contrário dos cinco do PS, no mesmo espaço de tempo. Pelo meio ainda queimaram uns valetes, como foi com Rangel e Moreira da Silva. Para já, têm pela frente um enorme trabalho interno, a exigir esforço, para só depois poderem pensar em termos de país. De momento, limitam‑se a debitar o habitual chorrilho de lugares comuns que estamos cansados de ouvir.
3. Regional e autárquico ‑ Por cá, a nível local, também não se pode dizer grande coisa. A autarquia não apresenta realizações, nem projectos, sendo que os de que se fala, são em terreno movediço e de duvidosa transparência. Não encontram caminho, nem contam com grandes apoios junto dos círculos do poder, trabalhando sem rede, portanto. Contavam que Rio ainda pudesse ganhar as eleições, mas os cálculos saíram‑lhes errados e as aspirações, se as havia, foram levadas pelo vento. Ultimamente, com total despudor e fingimento, têm vindo a propalar a abertura para um diálogo a favor do concelho de Fátima, questão absolutamente omissa nos anos anteriores, mas sem qualquer critério e nenhum fundamento. Agora que se encontra em discussão pública o PUF de Fátima, até 19 de Julho, era bom que se mostrassem e viessem dizer algo sobre isso. Como esta crónica já vai longa e não há espaço para o fazermos, iremos abordar esse e outros assuntos na próxima edição. Tenham uma boa quinzena.