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Jorge Perfeito

1 de abril, 2021

Olhar de Frente – Ver Diferente (Autárquicas sem horizonte definido, com mais do mesmo)

Sobre as autárquicas ainda pouco se sabe, parece que ainda vêm longe. Mas como sabemos, o tempo foge e passa muito rápido. Gira alguma confusão à volta disto. Há quem deseje um adiamento, entre trinta a sessenta dias, até antes do final do ano. Houve quem falasse em desdobrar o ato eleitoral por dois fins de semana. Mas foram logo desditos. A direita precisa de tempo para se endireitar e reorganizar. Rio está dependente do resultado. Confia no inevitável desgaste no partido do governo. Confia que a crise não perdoa, e que haverá eleições antecipadas, antes de 2023. Costa tenta segurar-se a todo o custo. No caso de adiamento, isso vai obrigar a jogos de cintura muito delicados no que toca às negociações para a aprovação do orçamento até ao final de Novembro. O resultado eleitoral é gerador de tremendas incógnitas. Entre uma esquerda exasperada e uma direita desesperada, estamos a braços com uma economia estagnada, seguros de que com mais ou menos bazucas, não vão acontecer milagres. Vamos ter que pagar e vai ser a doer. Mais uma vez.

Por cá, levam-se a cabo umas obritas por aí: estrada de Leiria, estrada da Ortiga, ciclovia. Mesmo em tempos de crise, para estas coisas o dinheiro aparece sempre. Fazem-se sempre obras escassos meses antes de qualquer ato eleitoral, com algumas inaugurações a contento, com inaugurações e descerramento de lápides, solene pompa e circunstância, porque nestas coisas há sempre disto. Nada de novo. Mas pelo menos veem-se algumas realizações. O executivo anterior não fez grandes obras, mas foi bastante castiço e imaginativo. Mudou a toponímia de algumas ruas, deixando-as no mesmo estado lastimável em que estavam, com pisos irregulares, esburacadas, sem passeios, bermas cheias de matos e ervas; colocou o nome do Papa Francisco num estádio desportivo, que chegou a chamar-se municipal de Fátima, sem nunca o ter sido. Por fim, até o clube veio por aí abaixo. Deixou ainda a dívida do mamarracho ao pé do posto do turismo, mas enfim, estamos dispostos a perdoar tudo, e até a esquecer, porque ao fim e ao cabo, também temos um coração muito grande.

Enquanto isso, os que ocupam lugares de alguma relevância nas instituições, vão-se movimentando sub-repticiamente, dúplices, e aproveitam para fazerem as suas pequenas grandes negociatas; a pretexto da implementação futura de zonas e parques industriais; enquanto vão esventrando os contrafortes da serrania, ali, rés vés com os limites do parque natural das Serras de Aire e Candeeiros. E é confrangedor assistir a tudo isto, constatando que nem sequer existe uma oposição à altura. Confinada muito antes dos confinamentos, o silêncio e o vazio são absolutos. Que novos tempos tragam novas esperanças.

Boa quinzena, boa Páscoa, e continuem a cuidar-se.

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