Marcelo convocou uma reunião do Conselho de Estado para o final de Julho. Pelos vistos nada de importante se passa, nem há assim tanta urgência em discutir e analisar o anedotário político nacional. Desta vez parece ter acertado. Está no timing certo, mesmo antes do parlamento e governo irem de férias, depois de concluídos os relatórios das comissões parlamentares de inquérito e entrarmos em pleno na silly season, se é que alguma vez de lá saímos. Pelo menos assim se espera. Se tivesse havido dissolução do parlamento, lá iria todo o rico trabalhinho à vida. Vamos esperar para ver as conclusões a que chegam.
Significa isto que não haverá lugar a nenhumas eleições antecipadas tão cedo e que a actual legislatura irá provavelmente aguentar-se até ao fim ou quase, quase. Depois das férias e com o advento do Outono, Costa aproveitará para cortar os ramos mortos de que falou Marcelo. E quiçá podar e fazer um ou outro enxerto. O Outono é mesmo a estação adequada para isso. Ou seja, acabará por fazer uma remodelaçãozita, ao mesmo tempo que começa a trabalhar na apresentação do orçamento para 2024 (OGE), que será certamente aprovado pela maioria sufragada em 2022. Como somos de curta memória, rapidamente nos iremos esquecer de todas celeumas passadas, a maior parte delas que ninguém conseguiu sequer entender.
Vai ficar tudo bem. Ele é os santos populares e a sardinha assada, e depois a visita do Papa e as jornadas mundiais da juventude em pleno Agosto, calorento e a abundar de turistas e emigrantes. Não se irá falar de outra coisa e vai ser tudo uma alegria. Este ano está praticamente arrumado. Com os milhões do PRR vindos da Europa a caírem, Costa irá aproveitar para aparecer e fazer a boa figura que já se está à espera. Que é a que qualquer governo de qualquer partido ou coligação faria em idênticas circunstâncias.
Para 2024, ano em que se celebrará o cinquentenário da revolução dos cravos, afigura-se um cenário também bastante favorável. Com as eleições europeias marcadas para Junho, mesmo que o PS tenha um fraco resultado ou sofra mesmo uma derrota, que nunca será estrondosa, tal não será motivo para que se dissolva o parlamento. Não se entende como é que ainda há gente que alimenta esta hipótese esdruxula e peregrina. São eleições que traduzem realidades distintas. Além disso, se isso sucedesse, o acto eleitoral teria que ser marcado nos sessenta dias subsequentes. Ou seja, teriam que ser em Agosto. A acontecer, seria absolutamente suicidário. A abstenção seria imensa, incomensurável. Marcelo nunca se arriscaria a isso. Já foi surpreendido uma vez pela negativa. Não lhe correu bem. O professor terá aprendido a lição. Acontece.
Já agora que estamos com balanço, também não nos custa prever, mais que adivinhar, o que se espera para 2025. Como o PR está inibido de dissolver o parlamento nos seis meses que antecedem o final do seu último mandato, então é muito pouco provável que ocorram eleições antecipadas. Assentar-lhe-ia muito mal se o fizesse. Dito isto, mais do que nos habituarmos, como disse Costa, vamos ter que nos resignar a assistir a este emaranhado de novelos e torvelinhos até 2026. A menos que uma imponderável hecatombe ou cataclismo ocorram. Até lá, resta-nos desejar-lhe boa sorte e que seja menos teimoso e obstinado, e mais sensato e clarividente, que não tem sido. E para nós também, chiça!
Tenham uma boa quinzena.
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