1. Alguns partidos políticos vieram a terreiro sugerir o adiamento das eleições autárquicas, por um período não inferior a 60 dias. Há quem esteja contra, e quem seja a favor. Confessamos que não nos parece descabida a ideia, e não viria nenhum mal ao mundo se tal acontecesse. Pelo contrário, a crise pandémica, sanitária, social, económica, e política, recomendam mais que nunca, se tomem as devidas cautelas neste domínio.
Não fossem estes tempos de pandemia, e este seria um ano em que se deveriam realizar os censos, que costumam ser de 10 em 10 anos. Os últimos foram em 2011. Os cadernos eleitorais estão muito desactualizados, ao que acrescerão obviamente o elevado número de óbitos entretanto ocorridos decorrentes da específica situação que vivemos. Vacinação, desconfinamento, imunidade de grupo, são ainda incógnitas que não sabemos quando e como irão acontecer. Talvez lá para o início do Verão, se as coisas evoluírem favoravelmente, e muito devagar como tem sido. Tudo razões, portanto, para que as eleições sejam adiadas. A própria lei eleitoral, aliás, deveria ser revista, em ordem a se poderem permitir novos métodos de sufrágio, como o voto electrónico, por exemplo, a par do voto antecipado e por correspondência. Mas esse outro assunto, que os partidos terão de discutir e aprovar em outra sede. A par disso, e dadas as circunstâncias actuais, é necessário tempo para se fazerem listas, discutir e elaborar programas, permitir-se a criação de listas independentes de movimentos de cidadãos, para não ficarmos eternamente circunscritos e limitados à tômbola automática dos partidos políticos tradicionais. Esse sim, é outro tipo de confinamento que deve ser ultrapassado de vez.
Um ponto fulcral que deverá fazer parte dos respectivos programas, da ordem de trabalhos e da ordem do dia, é a da discussão do concelho de Fátima. E não nos cansaremos de repetir e repisar este tema até à exaustão, porque Fátima merece sê-lo. Antigamente, não há muito tempo ainda, Ourém cuspia e vituperava que nos devíamos separar do restante concelho, porque éramos um sorvedouro que prejudicava e atrasava o desenvolvimento das outras freguesias. Agora, já não lhes interessa a separação. Nada de surpreendente, nem de diferente do que desde sempre temos assistido na política e nos políticos. E é por isso mesmo que devemos continuar a insistir. Porque quando o vento não está de feição, há que lhe dar um sopro diferente, e dar-lhe uma nova direcção.
2. Falando de coisas mais simplórias e singelas, para acabar a crónica quinzenal com um toque de ironia. Na semana passada os senhores presidentes, da junta de freguesia e dos bombeiros, mais a senhora presidente da assembleia de freguesia, resolveram fazer uma espécie de propaganda pré-eleitoralista, ao publicarem as suas vacinações nas redes sociais. A publicação esteve muito pouco tempo visível na rede, e foi de imediato retirada. Mas o tempo suficiente para que muita gente visse e reparasse. Como somos de brandos costumes, não houve denúncia e deixou-se passar mais este dislate, que só serviu para os expor ao mais ridículo provincianismo. Não tivesse sido aprovada de seguida a vacinação deste tipo de grupos, e certamente que este seria um assunto com outras dimensões a obrigar que, pelo menos, se tivessem instruído os respectivos procedimentos contra-ordenacionais. Caso para lhes dizer que ganhem juízo e não nos dêem por parvos.
Boa quinzena para todos, e já agora, boa quarentena, boa quaresma e tudo isso.