A corrupção oculta é transversal a toda a actividade política e a todos os partidos. A CMO tem anais no que respeita a essa matéria desde há mais de quarenta anos, tanto quanto me lembre.
Mas o que tem ocorrido e desenvolvido desde há dez anos a esta parte, com envolvência dos dois partidos (PS e PSD), que estiveram à frente dos últimos executivos camarários, tem sido de bradar aos céus. A governação de maioria absoluta do concelho é o exacto negativo do que se passa com a governação do país. A única diferença está nos partidos em funções. A CMO iniciou esse percurso a partir do final do segundo mandato do PS – de Paulo Fonseca, através de sicários e chefes de gabinete de duvidosa idoneidade, escolhidos a dedo para o ladearem, assessorarem e enganarem; e que, por fim, passaram a exercer funções junto das empresas e grupos empresariais que favoreceram durante o período em que estiveram na Câmara, dando origem a uma economia paralela altamente especulativa, com dimensões verdadeiramente pornográficas. A lista é imensa e nem cabe aqui, desde as questões das revisões de planos e loteamentos, às concessões de exploração das pedreiras, e às negociatas das obras em ruas e avenidas, passeios e alargamentos (com calçadas mexicanas, porque cá não havia pedra que chegasse), e as pedreiras se dedicaram a fornecer mercados mais apelativos e longínquos. Mas acerca disso e dos prejuízos infligidos à autarquia, em razão dos contenciosos gerados, em que a CMO perdeu e foi condenada a pagar indemnizações, disso ninguém fala, nem nunca ninguém foi responsabilizado. Ao invés, têm vindo a ser galantemente homenageados pelo município e outras entidades.
Mas como se tudo isto não bastasse, continuam a enganar e a utilizar o mesmo método de sempre, velho e estafado, que é o de colocarem à discussão pública, em pleno período de férias, apanhando toda a gente desatenta, ou demasiado ocupada com outras coisas, questões tão importantes e sensíveis como o alargamento e fusão de várias pedreiras do Casal Farto, que têm vindo a funcionara sem a devida fiscalização. Acresce que tal submissão à discussão pública, é levada a cabo através de plataformas digitais, como a do Portal Participa, método que, em bom rigor, não é acessível à grande maioria dos interessados.
Idêntica metodologia foi aplicada na publicação de uma escritura de justificação, num jornal da região, relativamente aos terrenos e edificações do cemitério de Fátima (casa mortuária), para, assim, dissimularem negócios obscuros sob investigação.
E finalmente, decorreu por cá, no último fim-de-semana de Julho o IX Congresso da Ordem dos Advogados. Curioso, num concelho que entre outras perdas, deixou de ser sede de comarca, e nem tem estrutura para receber um evento desta natureza. Teve de ser cá, mesmo assim, com cedência das instalações do Santuário (Cento Pastoral Paulo VI). O evento tem interesse diminuto e é de fraca visibilidade, que cada vez tem vindo a perder. Não mereceu, por isso, especial destaque nos media, nem na comunicação social. Mas para os mais atentos, como foi o meu caso, não deixou de ser curioso verificar que na página oficial da ordem (não obstante o desencanto, não abdico de pertencer-lhe), chegaram a constar as siglas dos patrocinadores do evento, desde a CMO, a associações, institutos, empresas e PPP, para além da referência ao sítio dos “comes e bebes “, que foi no complexo turístico do senhor ex-vereador. As referências e patrocínios só estiveram visíveis na página no primeiro dia, tendo desaparecido de imediato. Os lobbies estiveram activos e funcionaram em pleno, portanto.
Decorridas que foram as Jornadas Mundiais da Juventude, que correram a preceito, o que muito nos honrou e foi de louvar, este tipo de atitudes por parte da CMO, indiciam manifesta má-fé, com o intuito de enganarem e prejudicarem pessoas e populações, o que em nada se compagina com o espírito das ditas e que SS Papa Francisco tanto se esforça por exortar e divulgar.
Continuação de boas férias, voltamos em Setembro.