O novo PUF servirá primacialmente para legalizar os abusos e desmandos urbanísticos de executivos autárquicos anteriores, vindos desde os anos 90 do século passado (o 1.º PUF data de 1995), em que autarcas corruptos e corrompidos, permitiram se levassem a cabo uma série de atropelos ao nível da construção e da usurpação de solos, de modo desmesurado, caótico, ilegal e clandestino, em certas zonas da cidade, ruas e edifícios, a par de uma descarada política de favorecimento, clientelismo e corrupção, com pagamentos por fora e desvios de fundos, peculato, etc.. Tendo até alguns casos culminado em processos judiciais, com condenações. Não se pense, portanto, que estas coisas nunca dão em nada. Temos é memória curta. Mas pelos vistos, não lhes serviu de emenda. Se bem que de uma forma mais cuidada e elaborada, o novo PUF não passa de um mero improviso, especificamente criado para colmatação das ilegalidades, prosseguindo na mesma política podre, incoerente e incongruente, de favorecimento, corrupção e compadrio. Ao mesmo tempo que isso, claro está, houve que se tivesse aproveitado para se servir, e bem, do expediente técnico e logístico da CMO, nomeadamente dos departamentos nas áreas de planeamento, engenharia e projectos, etc., para daí extraírem especiais conhecimentos e vantagens para os seus projectos pessoais, tendo até alguns desempenhado funções de relevo, a que depois renunciaram.
Bem mais cómodo do que se demitirem, ou serem demitidos, na sequência de prováveis investigações de que venham a ser alvos. Será muito interessante verificar, a partir de agora, quem são esses ilustres contemplados dessa teia de favores, quando se discutir e tornar público o plano de pormenor para a zona entre a Avenida João XXIII e a Avenida D. José Alves Correia da Silva, e as duas principais rotundas da cidade. E sobretudo, que funções desempenham, ou desempenharam em instituições de cariz de público, ou equiparado, sendo que só ocuparam esses cargos, com o fito de obterem o acesso à tal informação privilegiada, que depois aproveitaram a seu bel prazer em benefício pessoal.
Aqui chegados, aproveitamos para dizer mais qualquer coisa acerca desse tipo de assuntos, com especial interesse e sensibilidade, como são as questões relativas aos planos e loteamentos. Ora, considerando que tais assuntos obrigam a consultas e discussões públicas alargadas, de preferência em espaços ou fóruns públicos. Tudo coisas de que Fátima carece. E não sendo nós avessos, por princípio, à descentralização na realização desse tipo de assembleias e reuniões. Sem colocar em causa a bondade na escolha do espaço para que tal discussão tivesse lugar, o auditório de uma congregação religiosa - DOMUS CARMELI, certo é que também essa escolha nos merece as inerentes críticas. Já em Abril, foi esse mesmo espaço escolhido para a apresentação prévia do novo PUF. Apresentação pública, mas por convites, dirigidos a uma circunscrita elite de interessados, a par de algumas instituições e associações. Tudo muito discreto, para não dizer secreto, com muito pouca transparência, ou melhor dizendo, nenhuma. Certamente porque nesse espaço, propenso por inerência à serenidade espiritual para que foi concebido, nele se iluminarão as mentes esclarecidas, ao mesmo tempo que a salvo de acaloradas discussões polémicas que pudessem advir. Nesse sentido, não deixa de ser paradigmático, pela negativa, constatarmos que em tempos se procedeu à aquisição do edifício do antigo seminário dos Monfortinos, para que no mesmo se pudessem realizar esse tipo de eventos, e aí se sediarem uma série de serviços de utilidade pública, incluindo a própria junta de freguesia. Ora, tal nunca se fez, nem ninguém se propôs fazê-lo, nem sequer a discuti-lo. Em vez disso, optaram por concessioná-lo a uma associação que nos dá música, e que música, como já alguém referiu. O desnorte e o desespero, tornaram-se por demais evidentes. E assim, de permeio com um jantar para ouvir os considerandos de uma de uma personalidade mediática da política nacional, que não se afundou com os submarinos, teremos por fim um colóquio sobre o futuro de Fátima, este já na junta de freguesia, onde se discutirão as pertinentes questões do urbanismo e ambiente e do futuro de Fátima. Ou seja, primeiro fizeram tudo de acordo com os seus interesses e conveniências. E depois de aprovado tudo o quiseram e conforme quiseram, então é que se irá discutir o futuro da terra. Muito sinceramente, esta gente não cumpre com os mínimos. É de bradar aos céus, nesta terra santa. Abrenúncio.
Tenham uma boa quinzena!