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José Paulo do Carmo

10 de setembro, 2021

Fazer o que ainda não foi feito

Há cerca de um mês, recebi um telefonema de um amigo, que estava a estudar vários locais para organizar um Congresso de Médicos. Entre as hipóteses tinha surgido a cidade de Fátima, segundo ele, pela sua centralidade, pelo extenso parque hoteleiro e pelas boas vias de acesso, até porque não queriam estar sempre a repetir os mesmos sítios. O evento pressupunha uma programação que iria muito para além do congresso em si e do que por lá se discutiria. Combinava lazer com trabalho e eram desenhadas actividades para as horas vagas, mas que deveriam também agradar às famílias que os acompanhassem.


Foi precisamente quando me perguntou sobre que tipo de actividades se poderiam fazer em Fátima ou no Concelho de Ourém para preencher essa programação, que as dúvidas me assolaram. Pensei numa ida ao Castelo, mas disseram me que a subida é cada vez mais difícil para autocarros.

 

Sobravam as pegadas dos Dinossauros, e já nos concelhos limítrofes, as grutas ou o Ecoparque da Pia do Urso. Numa altura em que o mercado é cada vez mais competitivo e em que se desenham produtos para combater a sazonalidade e para fixar as pessoas mais tempo no destino, o que temos para apresentar é muito curto e pouco apelativo. Dirão os mais conservadores que quem vem a Fátima vem apenas para rezar. Eu acho que o princípio está errado e que se nada for feito, cada vez mais as pessoas sairão de Lisboa ou do Porto de manhã e regressarão ao final da tarde, porque não existe nada para fazer.

 

Não temos um centro de congressos de excelência (com estruturas de apoio de qualidade) que possa trazer gente à nossa terra “fora de época” aproveitando a já referida centralidade. Não temos espectáculos como um Concerto Mundial da Paz que entrem numa agenda internacional nem aproveitamos os que por cá passam, desenvolvendo parcerias nessa área como o “Pellegrino” realizado pela Vortice Dance Company na fachada dos Missionários da Consolata. O brilhante videomapping com a história de Fátima “Tempo de Luz” no Santuário serviu para encerrar as Comemorações do Centenário e não mais apareceu quando podia ser um ponto de interesse para os visitantes.

 

Podia existir um parque temático sobre a história de Portugal ou de Fátima para os mais novos se entreterem com actividades lúdicas mas também não há.

 

É óbvio que parte destas sugestões têm que ser edificadas por privados ou através de parcerias, mas tudo tem que partir de uma visão estratégica que identifique o que é necessário, para que se desenvolvam ideias e se encontrem os parceiros certos. Era importante que o tema fosse discutido nesta campanha para as autárquicas, porque disso muito depende o futuro de todos os que por cá vivem.

 

P.S. Por curiosidade o meu amigo optou por Aveiro precisamente por não ter conseguido encontrar por cá um programa suficientemente apelativo.

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