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José Poças

17 de fevereiro, 2023

Carnaval é quando os políticos quiserem

Estamos a celebrar uma época festiva que se perde na memória dos tempos. Há duas teorias principais quanto à origem e significado da palavra Carnaval. A primeira atribui‑lhe uma origem religiosa, com um significado quase oposto ao da diversão de hoje em dia. Carnaval teria tido origem no latim carnevale (carne + vale = carne + adeus), e seria a designação da “Terça‑Feira Gorda” o último dia do calendário cristão em que é permitido comer carne, uma vez que, no dia seguinte, se inicia a Quaresma. Seria então uma espécie de “despedida da carne”. Em 590, o Papa Gregório I terá criado a expressão dominica ad carne levandas, que foi sucessivamente abreviada até dar a palavra Carnaval.

 

Já a segunda teoria afirma que a palavra Carnaval vem de Carrus Navalis, por influência das festas em honra de Dionísio, onde um carro, com um enorme tonel, distribuía vinho ao povo na Roma antiga. Havia ainda nessa mesma cidade as Lupercálias, em Fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Estas festas duravam vários dias, com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos a colocarem‑se nos papéis de seus senhores, e estes colocando‑se no de escravos. O certo é que hoje em dia há quem pense que a vida em Portugal é um eterno Carnaval e quase que somos tentados a dar‑lhes razão. Tudo o que pode correr mal está a correr mal. As trapalhadas políticas dos governantes, os negócios que cheiram fortemente a corrupção, o Serviço Nacional de Saúde que rebenta pelas costuras, a insatisfação monetária e profissional dos mais variados serviços públicos, o aumento galopante do custo de vida. As greves voltaram a fazer parte do nosso dia a dia, tal é a insatisfação dos portugueses.

 

A propósito, a palavra greve tem origem da expressão francesa “grève”, proveniente da Place de Grève, em Paris, na margem do Sena, lugar de embarque e desembarque de navios e, mais tarde, local onde se reuniam desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho. A primeira greve que se tem conhecimento em Portugal, registou‑se em 1872.

 

Certo é que os problemas da Educação e da Economia, e com eles os da Saúde e da Justiça, só são solúveis se os partidos souberem gerar um consenso político e social que esteja nos antípodas dos comportamentos que os líderes políticos têm seguido, olhando só para o seu umbigo, em vez de tentarem resolver os problemas estruturais do nosso país. Infelizmente quem nos governa parece que tem o síndroma de Richard Nixon. Este antigo presidente dos Estados Unidos, principal implicado no «Caso Watergate» (1972), procurou várias formas de se defender do escândalo. Acossado pela imprensa, respondeu uma vez aos jornalistas:

 

‑ Não menti, disse coisas que depois se verificou que não eram verdade!

 

A esta anedótica resposta juntam‑se as dos nossos ministros que, colocados perante escândalos financeiros, “não sabem, nem se lembram” do que se passava nos seus ministérios.

 

Parafraseando James Clarke, têm‑nos sobrado pequenos políticos que só pensam nos seus bolsos e na próxima eleição e escasseado políticos que se preocupam com a próxima geração. Infelizmente, Carnaval é quando os políticos quiserem… 

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