Aos poucos a vida vai retomando a sua normalidade. Ainda um pouco fragilizados e, porque não dizê‑lo, assustados, aos poucos fomos abrindo primeiro uma frincha da janela, para agora ousarmos sair pela porta da frente da nossa casa.
Novos tempos chegaram. As pessoas já andam na rua mais à vontade (não à vontadinha, que isso ainda pode ser perigoso) e todos nós nos estamos a adaptar às novas regras de sociabilidade.
Há novos desafios a vencer. Sobretudo os de cariz económico. Todos sabemos dos efeitos devastadores da pandemia na hotelaria, restauração e comércio em Fátima. É portanto de saudar a iniciativa dos deputados do PSD pelo distrito de Santarém, João Moura, Isaura Morais e Sónia Ferreira ao proporem ao Governo um conjunto de medidas excepcionais que visam “mitigar os efeitos provenientes da crise pandémica, com claros resultados para os desafios no sector e agentes do concelho de Ourém, em especial na freguesia de Fátima, intimamente ligados ao turismo religioso”. Veremos qual a resposta que será dada pelos nossos governantes.
É também de louvar a conclusão da revisão do Plano Director Municipal de Ourém, aprovado na Assembleia Municipal do passado dia 15 de Maio, 14 anos (!!!) depois do início do processo de revisão. Este documento estratégico, que estabelece as regras de ocupação do solo, o ordenamento do urbanismo e a gestão de equipamentos de utilização colectiva, é fundamental para a realização de projectos estruturantes que alavanquem o desenvolvimento socioeconómico do nosso concelho em geral e de Fátima em particular.
Ourém foi o primeiro Município da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e o quarto na Região de Lisboa e Vale do Tejo, constituída por 52 concelhos, a concluir este processo.
Não poderia também deixar de salientar, nestes novos tempos, as cerimónias de Maio em Fátima. Sem a presença de peregrinos, foram seguidas na televisão por milhões de fiéis que, cumprindo as recomendações, quer do Bispo de Leiria, quer do reitor do Santuário, não se deslocaram a Fátima. Não houve necessidade (com grande pena de alguns jornalistas) de qualquer acção musculada por parte da enorme força policial destacada para a nossa freguesia. Não contentes com toda esta envolvência meramente espiritual, houve jornalistas que vieram procurar um pequenino escândalo que expusesse Fátima, pelos piores motivos. O máximo que conseguiram foi fotografar a tentativa de entrada do Santuário de uma pessoa que estava visivelmente alterada. A falta de um “furo jornalístico” levou‑os a noticiar também a presença de um grupo que rezava junto ao recinto do Santuário. Não os preocupou esclarecer a opinião pública que eram pessoas de Fátima que, movidas pela fé e respeitando as normas impostas, estavam simplesmente a rezar. Salientaram apenas, com grande insistência, o facto de que alguns não estavam a usar máscara. Também não lhes interessou esclarecer o facto dessas pessoas que estavam muito perto umas das outras pertencerem apenas a uma família, que vive na mesma casa.
O interessante é que estes mesmos jornalistas (que saíram de Fátima pesarosamente sem uma grande manchete) nada escreveram ou falaram sobre as camionetas que transportaram pessoas para a celebração do 1º de Maio em Lisboa, nem as aglomerações que surgiram depois do encenado comício, sem respeitarem minimamente as regras de confinamento. Nem sequer discutem o ridículo que é a realização da Festa do Avante em época de contenção da pandemia. Basta o rótulo de festa política para ser diferente e se poder realizar?
É por estas e outras que em Portugal a lei não é igual para todos. Ou como se pode dizer, com uma certa ironia, “o sol quando nasce não é para todos”.