Estou a escrever esta crónica na terça-feira, dia em que em Fátima se vão desenrolar as cerimónias oficiais da época natalícia: a inauguração da iluminação de Natal e do presépio na avenida D. José Alves Correia da Silva, bem como a árvore de Natal solidária, na praça Luís Kondor. Sendo de louvar estas iniciativas camarárias, acabam no entanto por nos saber a pouco. Voltaremos a este assunto numa próxima crónica para reflectirmos sobre a programação da Câmara Municipal de Ourém, que resolveu concentrar as suas actividades natalícias na sede do Município.
Todos sabemos que estes eventos marcam o início de uma época de grande significado na vida anual de todos nós. Infelizmente, vivemos tempos difíceis. Citando o cardeal D. José Tolentino Mendonça, “a pandemia tem forçado a muitos «lutos relacionais»: desde a suspensão das práticas comunitárias ao reforçado isolamento dos mais idosos”, sem contar com aqueles que, infelizmente, vão deixando vazio o seu lugar, insubstituível, no seio familiar.
E é deveras caricato nós ainda há bem pouco tempo estarmos contra o famoso muro de Trump para conter os emigrantes da América Central e assistirmos agora, resignadamente, às medidas extremas tomadas pelos líderes mundiais, tais como o encerramento de aeroportos e de fronteiras nacionais e até a construção de muros na Europa de Leste.
Haverá justificação para tanto alarmismo? Talvez sim, mas no final desta crise pandémica vamos infelizmente constatar que vão ser sempre os mesmos que mais sofrem com esta paranóia colectiva: os mais idosos, os desfavorecidos e a famílias. E claro, por acréscimo, a economia.
O problema é que a própria imprensa, especialmente a televisiva, vive destes alarmismos. Seria útil que, quando apresentassem os dados de mortos e internamentos, fizessem uma comparação com os do ano passado, nesta mesma altura. E que se apresentassem os dados pré-pandemia, para percebermos quantas pessoas morriam em Portugal de pneumonia e outras doenças endémicas no Inverno.
E é no meio de todas estas incertezas que nos vamos preparando para celebrar o Natal. Uma das arreigadas tradições natalícias é a dos três Reis Magos, que surgem como sábios vindos do Oriente, com o propósito de venerarem o Menino Jesus, que tinha nascido. É no Evangelho de S. Mateus que encontramos a única referência à sua existência. No século V, Orígenes, erudito da igreja antiga e Leão Magno, sacerdote e mais tarde Papa e Santo, conferiram-lhes o título de Reis Magos. E só no século VII é que lhe foram atribuídos nomes: Gaspar ("aquele que vai inspeccionar"), Baltazar ("Deus manifesta o Rei") e Belchior, Melchior ou Melquior ("meu Rei é luz"). No Séc. XV foi associada uma raça a cada um dos Reis Magos, de modo a representarem todos os seres humanos que se conheciam na época.
A tradição refere que cada um dos três Reis Magos ofereceu a Jesus um presente. Belchior, de raça branca, ofereceu ouro, reconhecendo-Lhe realeza; Gaspar, representando a raça amarela, ofereceu-Lhe incenso, atribuindo-lhe a divindade e Baltazar, de raça negra, ofereceu-lhe mirra, que representava a imortalidade.
Hoje em dia parece que assistimos a uma «nova variante» dos 3 reis Magos que foram «substituídos» por Europeus, Chineses e Sul Africanos, diferentes raças de seres humanos que têm espalhado pelo Mundo as novas variantes do Corona Vírus. Estranho mundo este em que vivemos.