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José Poças

2 de julho, 2020

Morrer da cura e não da doença

Estas últimas semanas têm servido para se perceber que a ideia de solidariedade e de ajuda europeias andam pelas ruas da amargura. Sirva de exemplo o turismo. Esta pandemia tem posto a nu como os interesses de cada país se sobrepõem ao tão apreciado projecto europeu. Há países, como a Grécia, que têm declarado Portugal como um destino não seguro. Concorrente directo na atracção turística de outros países europeus, esta é uma forma de pressionarem os potenciais viajantes a escolherem aquele país em vez de virem para Portugal. Já a Inglaterra está a sofrer tantas pressões que decidiu adiar para o final desta semana a decisão a quem abre o corredor aéreo para que os ingleses possam ir fazer turismo. É o salve-se quem puder, cada um por si. Triste solidariedade europeia.

Vivemos tempos surreais. A L' Óreal, uma empresa de dimensão mundial, em nome do politicamente correcto, retirou os termos “branqueador” e “clareal” das embalagens, temendo ser acusada de racismo…
Por cá, foi feita uma conferência de imprensa com onze governantes para anunciar que na região de Lisboa e Vale do Tejo são proibidos os ajuntamentos de mais de 10 pessoas. São estes exemplos que nos indicam o verdadeiro caminho a seguir.
Já repararam que verdadeiramente nenhum partido da esquerda radical se “atirou”, em pleno período de aumento da epidemia, à manifestação do CHEGA, em Lisboa? A explicação é simples: se puserem em causa esta manifestação e o perigo que representou em termos de contágio, poriam também em causa as manifestações que fizeram contra o racismo, as que estão programadas por outros partidos ou sindicatos, etc, etc.
No meio de todas estas notícias contraditórias, uma nota positiva ao Santuário de Fátima. Nestes tempos em que o boato se espalha rapidamente pelas redes sociais, houve a coragem e o bom senso de numa conferência de imprensa se esclarecer a situação detectada e os esforços que foram feitos para controlar o contágio, o que foi conseguido. Apesar desta transparência, há sempre quem aproveite para denegrir a nossa terra, espalhando a ideia de que Fátima teria deixado de ser um local seguro, contribuindo ainda mais para o decréscimo de visitantes, com impacto negativo na hotelaria, restauração e comércio. Melhores dias virão!
Compreende-se que nestes tempos de pandemia tem de haver cuidados com a população fragilizada. É o caso dos lares da terceira idade, que só vão sendo notícia pelos piores motivos. A maioria destas instituições tem adoptado uma série de normas que tem permitido manter em segurança os nossos entes queridos. Mas é um facto que nem todos os idosos podem ser medidos por normas generalistas. Infelicidade dos idosos que têm deficiências auditivas ou são invisuais. Para esses, o confinamento é total, já que as normas das visitas implicam uma distância de dois metros, agravando a sua saúde psíquica e da família. O Estado e a Direcção Geral de Saúde tinham a obrigação de encontrar medidas verdadeiramente inovadoras, regras claras que contemplassem estes casos específicos, que ajudassem a minorar o seu sofrimento, que permitissem uma relação de proximidade e afectividade com os seus familiares.
Corre-se o risco de se morrer da cura e não da doença.

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