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José Poças

18 de outubro, 2019

Nestes meados do mês de Outubro

No passado Domingo, dia 13 de Outubro, realizou-­se a última das grandes peregrinações de 2019 a Fátima. Ao passar por entre esta multidão de fiéis que encheram os parques e o Santuário, acabo sempre por recordar um dos autores favoritos da minha juventude, Mircea Eliade.

No seu Diário Português, este grande intelectual romeno, que passou quase toda a Segunda Grande Guerra no nosso país, escrevia a 29 de Dezembro de 1944, já depois da morte da sua esposa: “tivemos os dois uma fé inabalável na Nossa Senhora de Fátima. Nos oito meses da doença, cada vez que havia missa em Fátima dizia a Nina para rezar – e ela rezava. A 13 de Outubro, à noite, quando começava a procissão das velas, a Nina olhava da cama e rezávamos os dois. Tinha feito uma promessa de ir a Fátima, em peregrinação”. No ano seguinte, partiu a pé de Cascais, em peregrinação, chegando a Fátima às 8 horas do dia 24 de Março, com “a tristeza avassaladora que me enche, recordando tudo o que Fátima significou para nós dois (…) Com a mesma tristeza entrei na capelinha – a catedral ainda não está acabada – e rezei.”

São relatos como este que levam a que nos interroguemos se damos o devido valor ao facto de vivermos numa terra que tem a identificação de raiz colectiva de todo um povo, que é, no fundo, uma espécie de âncora espiritual
salvadora para as agruras desta vida. Até porque, na verdade, ter fé significa “seguir no encalço”, o que nos conduz a um caminho da busca e da interrogação pessoal que, como portugueses que somos, passa sempre, forçosamente, pelo Santuário de Fátima.

Se por um lado é certo que Fátima até ao final do ano não voltará a ter uma tão grande quantidade de peregrinos/turistas, nem por isso se corre o risco de regressar aos velhos tempos em que quase parecia uma cidade “fantasma”. Já não há o grande estigma sazonal. Muitos são ainda os que nos visitam, quer para expressar a sua fé, quer também aproveitando a realização de alguns eventos regionais, como a Feira da Golegã e também, porque não dizê­-lo, o Festival Literário Tábula Rasa, em Fátima.A ele dedicaremos em Novembro algumas reflexões, mas a presença entre nós, na sessão de abertura, do senhor Presidente da República, bem como de ilustres convidados do panorama literário português e a gravação de um programa televisivo para a TVI com o Governo Sombra (Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares), merecerão o interesse não só dos fatimenses mas também de toda a região.

Duas breves notas finais, nestes meados de Outubro, sobre este mundo político que nos rodeia.

Tal como se previa, acabada a campanha politicamente correcta (leia ­se ecológica) dos partidos, aí ficam os seus cartazes a poluir algumas das zonas da nossa cidade, incluindo postes, jardins, etc. Da teoria à prática política vai uma distância enorme e bom seria que houvesse a preocupação, vamos lá, ecológica, de retirar toda esta propaganda. A remodelação feita no novo Governo acaba por premiar o desempenho de Ana Mendes Godinho que será a nova Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para os próximos 4 anos. Fátima e a sua promoção perdem uma excelente Secretária de Estado de Turismo. Só nos resta esperar para ver se o(a) seu (sua) sucessor(a) [isto de ser politicamente correcto ainda dá trabalho a escrever] têm o engenho e arte desta (ex)promotora do turismo religioso português.

josediasrato@hotmail.com

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