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José Poças

10 de setembro, 2021

Porque aceitei candidatar-me

Em finais de Junho estava bem longe de imaginar que iria passar um mês no hospital, às voltas com uma situação complicadíssima de saúde (e que me iria fazer falhar 2 crónicas para este jornal).

 

Tendo portanto muito “com que me entreter”, seria suposto manter-me afastado de toda a política activa. No entanto, quando vieram bater à minha porta, não pude verdadeiramente recusar, porque se tratava de apoiar alguém por quem tenho o maior apreço, o Humberto Silva.

 

Às vezes depreciativamente apelidado pela oposição do “homem das bermas e valetas”, a sua obra fala por si. Sem pretender cair num elogio fácil, não posso deixar de realçar que enquanto estávamos todos confinados na segurança das nossas casas, o Humberto e a sua equipa lavavam, desinfectavam e vigiavam os espaços públicos de Fátima. Mais, distribuíam kits, EPI, a todas as associações e escolas num esforço louvável de serviço público. Este reconhecimento a quem esteve sempre na linha da frente é mais do que merecido.

 

Com o grande apoio e entusiasmo do Tomé Vieira, a Junta de Freguesia pôs de pé o Festival Literário de Fátima – Tábula Rasa. É certo que há o Festival Literário da Póvoa do Varzim ou o de Óbidos, por exemplo. Mas são festivais municipais, que contam com o apoio de uma divisão sócio cultural, bem como de outros departamentos camarários. Não há em Portugal (pelo menos que eu conheça) uma outra junta de freguesia que se tenha abalançado a construir um festival literário desta envergadura. Que vem promovendo Fátima e sobretudo que trouxe e traz a cultura até nós. Já com 3 edições, passaram pela nossa terra os nomes mais sonantes da intelectualidade portuguesa como Adriano Moreira, Eduardo Lourenço, Miguel Real ou Pinharanda Gomes; os maiores escritores e poetas portugueses da actualidade como Afonso Cruz, Gonçalo Tavares, José Peixoto, Nuno Júdice, Bruno Vieira Amaral, Rita Ferro, João Tordo; jornalistas como Luis Osório e Fernando Dacosta. 

 

O Festival tem crescido, estendendo-se a toda a região e a todos os tipos de público. Criaram-se parcerias importantes com o Santuário, com as Câmaras de Alcanena, Batalha, Leiria, Porto de Mós, Torres Novas e com o Jornal de Leiria. Jornalistas de todos os países de expressão portuguesa (a que se juntaram representantes da Galiza e de Malaca) têm ido às escolas de Fátima contar as suas experiências nestes países ligados à cultura portuguesa. Neste último Festival contámos ainda com a presença do Governo Sombra, com o Ricardo Araújo Pereira, o Pedro Mexia e o João Miguel Tavares. E tudo isto graças à liderança, ao entusiasmo do Humberto, que a oposição acusa de “tratar apenas de bermas e valetas”.

 

Nem vale a pena falar-vos da sua visão de futuro, da luta que tem travado estes anos para que fosse possível criar o centro cultural ou se avançasse com a requalificação do mercado, entre outros projectos estruturantes que também envolvem o Parque da cidade.

 

Há portanto um sentimento de gratidão que me impediu de recusar o seu convite. Até porque nos próximos 4 anos há desafios que temos de ajudar a vencer, em estreita ligação com a Junta de Freguesia. Desde logo a implementação do Centro Cultural e uma programação que permita a criação de um calendário anual, com actividades de grande impacto mensal, que atraiam turistas, que os fixem mais de um dia em Fátima. 

 

Outro dos grandes focos será sem dúvida, para o ano a comemoração dos 25 anos da cidade de Fátima. Mais do que celebrar uma data, temos de discutir Fátima, os seus pontos fortes e fracos, como a queremos deixar às próximas gerações em 2047, altura em que a cidade fará 50 anos.

 

Estamos perante uma campanha que pode (e deve) ser digna, divulgando ideias e projectos, em vez de ataques pessoais que em nada dignificam quem os faz. Discutir o que há para melhorar, sem intuitos politiqueiros e mesquinhos, partilhando uma mesma estrada, valorizando Fátima com o compromisso de todos. Foi por isso que aceitei candidatar-me…

 

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