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José Poças

8 de maio, 2020

Um 13 de Maio diferente

Para muitos portugueses, chegou o momento de deixar de cantar “a minha alegre casinha”, popularizada pela artista Milú em 1943 e depois recuperada, em anos mais recentes, pelos Xutos e Pontapés.

 

Curiosamente, esta liberdade de testar, por fases, o fim do nosso confinamento, tem levado o povo português a uma espécie de euforia, mais ou menos contida, de que o pior já passou quando, na verdade, estamos apenas numa fase de “liberdade condicional”. Se nos portarmos bem (leia‑se, responsavelmente), pode ser que possamos retomar a nossa vidinha normal, tanto quanto a máscara o permita. No entanto, temos de estar preparados para um possível incremento da pandemia, já que o perigo de contaminação vai ser muito maior.

 

Até porque vamos andando um pouco ao sabor do momento. Ao princípio, os responsáveis da Saúde em Portugal afirmavam, perentoriamente, que não era preciso usar máscara. Agora, não só é obrigatória como dá direito a multa se não a usarmos. Viseira? Há 3 semanas era segura. Agora, já não é, tem de se usar também a máscara.

 

No século V, Platão afirmava que numa sociedade civilizada as leis seriam em número reduzido, uma vez que os cidadãos tenderiam a portar‑se bem. Não parece ser o nosso caso. Cada vez há mais leis, mais severas, para cumprirmos aquilo que devia ser óbvio para todos, a protecção e segurança dos cidadãos.

 

Este ano não iremos receber, a 12 e 13 de Maio, os milhares de peregrinos vindos dos quatro cantos do Mundo. Apesar da tristeza que, por certo, todos comungarão, não podemos deixar de apoiar as palavras do Cardeal D. António Marto, Bispo de Leiria ‑Fátima, nesta sua difícil decisão: “suspender esta peregrinação de Maio nos moldes habituais é um acto de responsabilidade pastoral e também um profundo acto de fé (…) Peço a todos que compreendam que, em virtude da pandemia e da necessidade de evitar a propagação do vírus, esta é a única decisão sensata e responsável que poderíamos tomar.”


O Papa João Paulo II na audiência geral de 19 de Maio de 1982, após a peregrinação ao nosso Santuário, afirmou que “a mensagem que no ano de 1917 partiu de Fátima, considerada à luz do ensino da fé, contem em si a eterna verdade do Evangelho, como particularmente aplicada às necessidades da nossa época”. Por isso, recordo, com emoção, um testemunho que ocorreu há já alguns anos atrás. Numa época muito difícil para Timor, fizemos uma acção para os jovens dos colégios de Fátima. Um dos timorenses que vieram dar o seu testemunho tinha sido abandonado, como morto, nos sangrentos acontecimentos do cemitério de Santa Cruz, em Dili. Disse‑me na altura, de lágrimas nos olhos, que o melhor momento da sua vida tinha sido o poder rezar em frente da imagem de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições.

 

A paz que então sentiu foi a recompensa por todo o seu sofrimento. A sua fé  tinha alimentado a esperança de que um dia seria possível ver o seu povo martirizado tornar ‑se livre e independente. E se, hoje em dia, vamos sendo obrigados a refazer caminhos devido a esta pandemia, não tenho dúvidas que, mesmo que as pessoas não estejam presentes fisicamente, espiritualmente o recinto do Santuário estará cheio nas comemorações de Maio com as orações que, por esse mundo fora, serão dedicadas a Nossa Senhora de Fátima.

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