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José Poças

24 de setembro, 2020

Um centenário que merece (e deve) ser lembrado

No dia 30 de Setembro de 1920, há precisamente 100 anos, nascia na aldeia do Montelo o filho mais velho (ainda nasceriam mais 8 filhos) de António Oliveira e de Maria da Conceição. Como era natural naqueles tempos, os recursos económicos eram limitados e o jovem Francisco apenas pode estudar até ao 5º Ano, no Seminário Diocesano de Leiria.

De regresso à sua freguesia natal, acabaria por ir trabalhar para o Santuário de Fátima. Entre outras funções que desempenhou, destacou-se como secretário junto da reitoria, assumindo também a coordenação do jornal A Voz de Fátima.

Profundo conhecedor da história do Santuário que aprofundou como poucos, era um apaixonado confesso da sua freguesia divulgando, nas suas inúmeras crónicas, a história local e os usos e costumes dos fatimenses.
Permitam-me o breve respigo de um seu escrito na revista Stella, de Abril de 1967, onde assinava com o pseudónimo MIRIAM:
“Terá o leitor, ou a leitora, tido algum dia a satisfação de se sentar junto de anciãos de espírito moço e de ouvir as inte­ressantes efemérides ao seu tempo, em linguagem, em usos, em aconte­cimentos ? Gosto de ouvir os velhos e notar suas judiciosas observações. E agora que Fátima é tema internacional, tudo quanto lhe diz respeito interessa a todos! - No DIA DE REIS deste famoso 1967 en­tretive-me largamente a cavaquear com dois velhos moços muito popu­lares nesta Terra de Milagre. E do que eu lhes ouvi hei-de repartir convosco neste noutros números da STELLA, para honra da Senhora que há 50 anos se dignou visitar-nos. Apresento os nossos interlocutores: JOSÉ JOAQUIM D`ASSUNÇÃO, 77 anos, - do Montelo. - JOSÉ VIEIRA DO VA­LE, 74 anos, de Fátima de Cima. (…) Há uma nota curiosa, reveladora de ser Fátima, desde antanho, feudo de Maria: - no Baptismo as crianças de um e outro sexo, ao nome acrescentava-se d` Assunção, para honrar a Virgem Maria Assunta ao Céu. A mãe de quem escreve estas notas, baptizada em Fáti­ma no ano de 1871, era também D`ASSUNÇÃO.”
Figura ímpar da cultura concelhia, esteve sempre na linha da frente na defesa e preservação de diversos lugares de interesse patrimonial da freguesia, tendo sido um dos grandes dinamizadores do Museu de Etnografia, hoje Casa Museu de Aljustrel.
Na inauguração do então Museu de Etnografia de Fátima em 19 de Agosto de 1977, Francisco de Oliveira mostra um pífaro de cana ao Ministro da Administração Interna, Coronel Costa Brás e ao Governador Civil de Santarém, Engenheiro Sacramento
Envolveu-se politicamente no desenvolvimento da sua terra, tendo ocupado os cargos de presidente da Junta de Freguesia de Fátima (1950-60), vereador da Câmara Municipal de Ourém (1963-67) e Presidente da Assembleia Municipal de Ourém, de 1980 a 1983.
Homem inquieto e dinâmico, esteve também envolvido no movimento que elevou Fátima à categoria de Vila. Foi autor de algumas obras de relevo destacando-se, pela sua importância documental, “Fátima – como nasceu e cresceu” e “O Centro de Etnografia de Fátima”.
Num discurso feito em 28 de Setembro de 1969, Francisco de Oliveira salientou, como bom fatimense, que “a Cova da Iria completou há pouco 50 anos de existência como aglomerado urbano. Alguns dos que aqui se encontram assistiram ao seu nascimento. Assistimos todos às grandiosas cerimónias do Cin­quentenário das Aparições de Nossa Senhora que é também o Cinquentenário da Cova da Iria. (…) Cumpre um dever de gratidão à família fatimense. Por isso aqui estamos todos reunidos — os amigos de perto e os amigos de longe Todos nós desejamos que a nossa terra progrida, seja dotada dos melhoramentos necessários e justos, para o desempenho do lugar para que foi predestinada.”
Não cabe aqui, nesta breve crónica, fazer uma descrição exaustiva da vida e obra de Francisco de Oliveira, mas tão somente recordar o centenário de uma figura incontornável da nossa história local e concelhia que merece, com toda a justiça, ser lembrado e homenageado por todos nós.

 

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