Certo dia, um homem sábio estava sentado na sua sala a ler um livro, tendo ficado fascinado com a beleza da escrita. Ele estava literalmente a “sentir” o livro. De repente, um rapaz de quase vinte anos chegou junto dele na companhia do pai. Tinha perdido a mãe recentemente e estava em profunda agonia, não conseguindo superar a perda. Por isso, o pai o trouxe até ao homem sábio. Mesmo depois de os ver aproximarem‑se e, inclusive, de terem trocado breves cumprimentos, o sábio continuou a sua leitura por mais algum tempo. Finalmente, depois de concluir o capítulo, olhou para o pai e para o filho e perguntou: “Então, como está a vida?”
O pai contou‑lhe tudo, enquanto o filho chorava desalmadamente. O sábio entregou um lenço de papel ao rapaz e disse‑lhe: “Filho, percebeste o que eu estava a fazer quando chegaste?”
Com um tremelicar na voz, o rapaz respondeu: “O senhor estava a ler um livro.”
“Exactamente! Sabes o motivo pelo qual continuei a ler, mesmo depois de terem chegado?
“Não!” ‑ espondeu o jovem.
“Porque era um capítulo bonito e importante! Eu queria lê‑lo até ao fim, de uma vez só.”
O sábio fez uma pausa e falou novamente “Filho, quero que penses um pouco e me respondas à seguinte questão: devo ler este capítulo várias vezes ou devo continuar a ler o resto do livro?!”
O rapaz pensou por alguns segundos e respondeu: “Senhor, como já leu o actual capítulo com imenso interesse e dedicação, guardando‑o na sua mente, para se lembrar dele a qualquer momento, penso que agora deve continuar a ler os outros capítulos que faltam.”
O homem sábio sorriu e disse‑lhe: “Obrigado, filho! Eu, definitivamente seguirei o teu conselho. E tu….. gostarias de seguir o conselho que acabaste de me dar?”
“Não estou a perceber, senhor!” – Exclamou o rapaz confuso.
“A tua vida não passa de um livro. Capítulo após capítulo, a vida continuará a desenrolar‑se: nem os capítulos mais bonitos permanecerão para sempre, nem os mais difíceis. Tu leste um belo e longo capítulo sobre a tua mãe. Estava cheio de amor, carinho e altruísmo, e agora chegou ao fim. Deves terminar graciosamente, manter as suas memórias vivas e seguir em frente com a história. Se ficares preso aqui, arruinarás todo o espírito do livro.” O garoto demorou o olhar no sábio, enquanto as lágrimas lhe escorriam pelo rosto.Então, o sensato homem continuou: “Garanto‑te que se mantiveres a tua mãe viva na memória, ela nunca morrerá.”
O rapaz assentiu com a cabeça e, a pouco e pouco, a tristeza foi dando lugar às maravilhosas lembranças que tinha dela.
Eis o conselho clichê que pode fazer maravilhas aos seus pensamentos: “Todas as coisas da vida (boas ou más) terminarão um dia. Por isso, precisamos de aprender a valorizar as memórias e seguir em frente, em vez de prolongar o sofrimento e permanecer num constante estado de desânimo.” Este conselho pode funcionar desde a menor à maior das nossas perdas. Bem hajam.