O senhor Joaquim, todos os dias ia visitar a sua amada esposa que estava acamada no hospital, ligada às máquinas em estado praticamente vegetativo.
Todos os dias, tinha o mesmo ritual: levava flores, mudava a água do jarro, e lia em voz alta para a sua amada esposa, que ali permanecia estática sem sequer se mexer.
Todo o pessoal da enfermaria, começava a ficar preocupado com aquele senhor, pois chegava a estar duas a três horas a ler em voz alta para a sua esposa um espesso livro.
Um dia, uma das enfermeiras aproximou-se do simpático senhor e questionou-o:
– Senhor Joaquim, estamos todos preocupados consigo.
O senhor respondeu:
– O que é que se passa?
– É que o senhor todos os dias vêm cá ver a sua esposa e faz sempre a mesma coisa. Muda a água do jarro, troca as flores e fica a tarde toda a ler em voz alta para a sua esposa, que está aqui acamada. Ela já não se mexe, não vê, não fala, não houve... Ela nem sabe que o senhor está aqui...
Então, o senhor Joaquim começou a pensar alto: “Ela já não se mexe, não me vê, não me fala, não me houve... Ela nem sabe que o eu estou aqui...”?
Com isto, o semblante começou a alterar-se, como a “entrar na cruel realidade”, cabisbaixo a olhar o chão, com as lágrimas quase a saltar... de repente, o senhor Joaquim levantou a cabeça, tocou no ombro da enfermeira e com um sorriso, respondeu:
– Ela não sabe que eu estou aqui... Mas eu sei!
E lá continuou a sua entusiasmada leitura.
Bem hajam e este ano, façam acontecer um Natal memorável.