Fátima é em si própria uma dualidade entre as pessoas que aqui constroem as suas vidas e as pessoas que nos visitam enquanto um dos mais reconhecidos santuários marianos do mundo.
Ditam os tempos que por todo o país as pequenas aldeias e cidades do Interior vão sendo abandonadas pelos mais jovens que procuram as metrópoles. Se é certo que essa tendência se verifica, mais certo é que Fátima a contraria registando um aumento populacional de 13,9% desde 2011 (quando a Região Centro registou -4,3% - Censos 2021). O que se justifica na medida em que Fátima beneficia da sua centralidade geográfica, sendo próxima da capital e do litoral, numa constante dicotomia entre a natureza e a ruralidade, por um lado, e a cidade e a agitação, por outro.
Também o investimento e preocupação de uma sociedade com dinamismo institucional, associativo e empresarial muito têm contribuído para que nos tornemos atractivos para residentes e para captação de negócio. Por outro lado, a nossa freguesia recebe cada vez mais milhares de visitantes anualmente o que exige dotá-la de ferramentas e infra estruturas que permitam fomentar, e não bloquear, esse crescimento. É a relevância especial e ímpar da nossa freguesia que a torna, justamente, uma freguesia singular e distinta de todas as outras em todo o país.
O Movimento Fátima entende que a freguesia de Fátima deve elevar-se e autonomizar-se administrativamente paraque passe a contar com órgãos autárquicos próprios e focados a servir Fátima. É com este objectivo que nos próximos tempos iremos expor as razões que nos movem através de rubrica mensal neste Jornal, convidando todos a reflectir e a pensar na evolução administrativa da nossa freguesia, nas mudanças e consequências que essa autonomia – a efectivar-se – nos trará. Como certamente alguns se recordam, a nossa freguesia esteve já muito perto de alcançar a sua independência no ano de 2003. Nessa vez, os fatimenses viram aprovada a sua vontade de autonomização na Assembleia da República. Pois bem, se já nesse ano se considerava estarem preenchidos todos os pressupostos para atingirmos aquele fim, certo é que passados vinte anos só podemos concluir que a nossa freguesia mantém, ou supera, o mesmo potencial de outrora.