Porque não começar pelo início? A dado momento cada um de nós ouve falar da história de Aquiles. Podemos não ter a certeza onde começa ou quando acaba, qual a sua origem ou importância, mas o imaginário e a narrativa da Ilíada é uma parte incontornável da nossa história enquanto sociedade.
É difícil precisar a data da sua composição. Parece surgir de uma longa tradição de poesia oral que acabou por culminar, talvez no século VIII a.C., num manuscrito a que se chamou de Ilíada e que, durante muito tempo, se atribuiu a Homero.
Hoje em dia sabemos que se trata de um “poema homérico” e não um poema de Homero, que tem uma pluralidade de autores e que é o texto literário mais antigo da sociedade ocidental a que temos acesso.
Esta epopeia relata os últimos dias do cerco à cidade de Tróia, nos quais os Aqueus se preparam para reaver Helena de Tróia, a mais bela das mulheres. Páris, filho do rei de Tróia, havia seduzido e levado Helena, noiva de Menelau, como recompensa pelo seu julgamento divino. Por entre os Aqueus está Aquiles, com funesta cólera, que terá um papel decisivo na guerra entre gregos e troianos.
O herói da Ilíada é representado pelo feito físico, mas existem passos do texto que nos levam a questionar quem e o que é ser‐se herói, uma vez que o combate muitas vezes exige dos seus participantes a destruição do adversário. O épico, através da sua acção e símiles, levanta indirectamente problemas sobre a morte, a crueldade e o heroísmo. Entre os vários temas da obra salientam‐se ainda os temas do corpo, da honra e dos ritos fúnebres, assim como a dicotomia entre civilizado e selvagem.
Depois de se ler a Ilíada tudo nos lembra a Ilíada. É por todos os que ensinou e pelo seu papel no florescimento da nossa cultura que a sua estória se tornou uma raiz de quem somos.