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Sara Catarina Silva

21 de outubro, 2022

Saúde Mental – O estigma

Estigma é a percepção negativa associada a um certo comportamento, característica ou grupo.

É assinalado como indesejável, baseia-se em preconceitos que facilmente levará a discriminação. Esta, por sua vez, levará ao medo, ao silêncio e à inacção. Existe uma variedade de assuntos que na sociedade actual integra este tema, sejam questões relacionadas com nacionalidade, orientação sexual, religião, entre muitos outros.

Relativamente à área da saúde, sem dúvida que as doenças mentais se enquadram neste tópico, como das mais afectadas pelo estigma, o que acarreta consequências negativas para os doentes que sofrem de algum tipo de patologia do foro psicológico como: atraso ou mesmo recusa na procura de ajuda diferenciada, abandono da terapêutica, isolamento e bullying.

A sociedade assinala a pessoa com patologia mental como diferente. É ainda frequente a crença de que são pessoas perigosas, instáveis e incompetentes. Mas na verdade, estão mais sujeitas a violência por parte dos outros, do que o contrário.

Este estigma provém de falsas crenças e essencialmente falta de conhecimento, compreensão e mesmo empatia.

Frequentemente, estes doentes são associados ao serial killer que apareceu naquela série ou filme visto ou ao idoso, mal vestido que fala sozinho pelas ruas. Sendo que os Media, contribuem em grande parte para esta conotação negativa. “Maluco”, “louco” e “psicopata” são palavras vulgarmente utilizadas na linguagem do dia a dia.

A verdade, é que a doença mental está em todo o lado: ansiedade naquela mãe preocupada, que trabalhou o dia todo e chegou cinco minutos depois da hora, com o coração a “sair pela boca”, para ir buscar a filha à escola, no senhor da padaria que simpaticamente nos vende o pão e tem sempre um elogio para dar, mas que passou o fim de semana deitado na cama sem vontade de fazer nada, no médico que todos os dias vai pelas escadas porque tem um medo extremo dos elevadores e nos trata com tanto respeito. Na sala de aula, na empresa, no tribunal.

As doenças mentais requerem tratamento, assim como a diabetes ou a hipertensão arterial. E quando tratadas, são passíveis de melhorar ou mesmo recuperar. É necessária uma maior sensibilização sobre o tema, para que exista também compreensão e desmistificação. É necessário lutar por uma sociedade mais empática e inclusiva e assumir a Saúde Mental como responsabilidade de todos. Uma em cada quatro pessoas terá uma doença mental ao longo da sua vida, talvez mais nos próximos anos, devido às adversidade e exigências cada vez maiores que nos são impostas.

O doente mental é um ser humano com uma doença, que é mãe ou pai de alguém, filho(a) de outro alguém e uma pessoa singular com o seu acrescento à sociedade que tanta diversidade nela integra. Afinal de contas, o que é o dito “normal”?

 

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