Relativamente a este tema, ainda muitas dúvidas existem, no entanto, e como é sempre feito na Medicina, devemos orientar a melhor prática, e à luz do melhor conhecimento actual. Assim, no dia 30 de Julho de 2021, a Direcção Geral de Saúde (DGS) emitiu o seu primeiro parecer, de forma cautelosa, de que Portugal só iria vacinar, os jovens dos 12 aos 15 anos, com doenças de risco para a covid-19.
Como tema ainda controverso, muitos médicos, especialistas de diversas áreas mostraram-se contra a vacinação desta faixa etária, pelos seguintes argumentos: manifestações ligeiras da doença ou assintomáticos na maioria das vezes e prováveis efeitos secundários (em estudo), ainda que muito raros e ligeiros de miocardite ou pericardite. Não consideram que os riscos superem os benefícios. Por outro lado, outros especialistas consideram a vacina importante, uma vez que esta população é necessária para atingir a imunidade de grupo, diminuindo não apenas o risco de contágio, mas também o de possível doença grave em caso de infecção. Destacam ainda o risco de os mais jovens servirem como fonte de difusão de novas e mais perigosas variantes.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem insistido que a vacinação de crianças e jovens não é uma prioridade, face à limitação da vacinação no mundo e por defender que o controlo da pandemia passa pelo controlo desta, em todos os países, e não apenas nos mais desenvolvidos. Já o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (Centers For Disease Control and Prevention - CDC) dos Estados Unidos da América é, por sua vez, mais assertivo relativamente a este tema e defende claramente a vacinação dos menores acima de 12 anos.
A DGS rapidamente alterou as normas e passou à recomendação universal da vacinação de todos os adolescentes dos 12 aos 15 anos de idade, sem necessidade de indicação médica, uma vez que com o avanço da vacinação de milhões de adolescentes desta faixa etária ao redor do mundo, foi possível verificar que casos de miocardite e pericardite são extremamente raros e que o benefício supera o risco, de forma clara neste processo. Pelo que no presente, devemos seguir as recomendações nacionais, cautelosas e ponderadas, perante o conhecimento actual.
Sabemos algumas coisas. Mas muitas desconhecemos. E é com este princípio que devemos continuar, em busca de mais conhecimento, mas cientes que hoje este é o melhor caminho e a melhor prática clínica.