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Sofia C. Teixeira

4 de novembro, 2022

“Tenho andado muito esquecido”

O esquecimento é um sintoma e uma preocupação muito frequente apresentado pelos nossos doentes, estando muitas vezes associado ao medo de vir a ter Demência de Alzheimer. No entanto, os esquecimentos relacionam-se, na maioria das vezes, com factores como o stress e a sobrecarga emocional.

Comemora-se, no dia 21 de Setembro, o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, sendo importante diferenciar os esquecimentos causados por outros factores, desta doença.

A memória é uma função cognitiva nobre do cérebro que é poupada perante uma situação de stress ou sobrecarga. Estas situações conduzem a um estado de distractibilidade que leva a uma aceleração dos pensamentos e perda da capacidade de foco, levando a “falha na memória”, muitas vezes com recuperação posterior das ideias esquecidas.

Este facto é muito diferente da doença de Alzheimer, em que há uma perda de função, uma “desaprendizagem” do que se sabia fazer, na maior parte das vezes apercebida por familiares ou terceiros, sendo que há alguns sinais de alarme a ter em atenção, como por exemplo: - “já não se sabe vestir”, ou “perde-se por caminhos que fazia todos os dias”. É uma doença crónica e progressiva que conduz a um elevado grau de incapacidade e perda de autonomia e implica esta perda de função irreversível em pelo menos dois domínios cognitivos (memória, função executiva, linguagem, percepção, praxia e atenção).

Portugal é o quarto país da OCDE com maior prevalência de demência, estimada em 19,9 pessoas por cada 100 habitantes, com uma estimativa de 40,5 doentes por cada 1000 habitantes em 2050. Perante sintomas menos graves ou perda de apenas um domínio, podemos estar perante o “Défice Cognitivo Associado à Idade” ou “Défice Cognitivo Ligeiro”, este último podendo ser reversível ou evoluir para demência.

O diagnóstico de demência e a distinção das causas dos esquecimentos deve ser sempre realizada por um médico, que fará a história clínica e aplicará os testes à função cerebral que considere necessários. A demência, apesar de não ter cura, tem tratamentos que permitem atrasar a progressão e conferir melhor qualidade de vida.

À parte dos medicamentos, importa referir que a melhor intervenção com benefício no retardar da demência, como dos esquecimentos inocentes, é o ESTÍMULO COGNITIVO, através de jogos, leitura de livros, socialização e também sono tranquilo, exercício e alimentação saudável.

Deverá ser evitada a televisão, telemóvel, o stress, alimentação rica em açúcar refinado, o não cuidar da mente e os consumos nocivos.

Em conclusão: Perante esquecimentos frequentes sugerimos a auto-reflexão sobre as causas subjacentes e a procura de ajuda com um médico para avaliação formal. No entanto, procure sempre adoptar os estilos de vida sugeridos e evitar os hábitos prejudiciais para ter uma melhor função cerebral.

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