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Tiago Marto

20 de maio, 2022

Desporto importa ou não: em que ficamos?

O desporto tem sido uma constante na minha vida praticamente desde que nasci. Pratiquei algumas (não muitas) modalidades ao longo do meu crescimento, tendo o contacto com a maior parte das modalidades menos praticadas acontecido ao longo do meu percurso escolar.

 

Relativamente cedo comecei a “especializar-me” apenas no atletismo por mão do Prof. Ramos e gradualmente fui-me focando cada vez mais na minha carreira desportiva, que durou quase 20 anos.

 

Ao longo de todo este período, nos mais variados contextos, fui ouvindo expressões como “o desporto é muito importante para a saúde”, “todos deveriam praticar desporto”, etc. Várias foram as campanhas políticas que me abordaram para representar o desporto e a juventude, ou mesmo apenas para falar da importância da actividade desportiva para a população em geral, à parte da componente competitiva.

 

Gradualmente, ao longo do passar dos anos, fui-me apercebendo que, apesar de ouvir constantes manifestações das do género que elenquei anteriormente, na maior parte das vezes não passaram de frases que ficavam bem no contexto em que foram proferidas. Raramente se passou das palavras à acção e no meio de tantas oportunidades, ainda hoje estamos muito aquém de outras realidades.

 

Somos hoje confrontados com notícias que a todos deveriam preocupar:

 

- Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de metade dos portugueses - especificamente 57.5% dos adultos – têm excesso de peso e 25.8% são obesos. Associados a estes números, doenças cardiovasculares, diabetes, cancro, dores musculares, problemas articulares, asma, etc. que resultam na morte de 1.2 milhões de pessoas (na Europa) anualmente. 1 em cada 3 crianças, em Portugal, são obesas: números alarmantes;

 

- O AVC é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. A cada hora, 3 portugueses sofrem um AVC, resultando em sequelas incapacitantes e, em muitos casos, morte. É consensual que o desporto é uma das formas mais eficazes para actuar na prevenção, pois intervém directamente em alguns dos indicadores que aumentam a probabilidade de AVC (colesterol, pressão arterial, diabetes, etc.) e leva, por inerência, à adopção de hábitos de vida mais saudáveis.

 

- Muito outros dados de saúde importantes e que não irei descrever exaustivamente, como a intervenção na saúde óssea, muscular, demência, depressão, etc. (não podemos ignorar estes factos)

 

Estes são apenas alguns dos dados que importam e que nos devem fazer reflectir. A importância do desporto na saúde está mais do que documentada e não deve ser ignorada.

 

Para além da vertente da saúde, que é amplamente discutida, há outros pontos extremamente importantes e que cada vez mais estão na ordem do dia. A prática desportiva leva à aquisição de características importantes para o dia-a-dia e que têm implicação directa na performance laboral e que nos actualmente têm importância para os recrutadores das empresas. Resiliência, tenacidade, determinação de objectivos, trabalho de equipa, resistência à frustração, etc. São muitas as qualidades que o desporto nos fornece, as quais terão uma importância nas mais variadas fases da nossa vida.

 

Por estas razões (e muitas outras que ficaram por descrever), urge adoptar medidas reais, mensuráveis, sustentadas para que a prática desportiva se torne, de facto, uma realidade. Nas últimas legislativas, assisti a alguns debates (não a todos, confesso) e nunca ouvi a temática “desporto” ser discutida. Está na hora de alterar este paradigma. Ouçam-se os especialistas que estão todos os dias no terreno e procurem-se soluções para, de uma vez por todas, pormos a maior parte das pessoas a realizar uma actividade desportiva.

 

Não iremos criar a solução perfeita, mas temos de começar por algum lado e Fátima tem todas as condições para ser pioneira nesta área: haja vontade.

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