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Tiago Marto

4 de novembro, 2022

Ó Tia, dá bolinho!

A tradição, felizmente, ainda é o que era. 

Todos os anos, ao aproximar-nos do 1 de Novembro, começo a observar, em casa dos meus pais, o constante acumular de moedas, cuidadosamente guardadas numa taça. Essa preparação, tal e qual a formiga a acumular mantimentos para preparar o Inverno, serve o intuito de manter viva a tradição do Bolinho. 

Embora seja um feriado religioso, com uma longa história, sendo celebrado regularmente desde o ano 609/610, para uma criança a antecipação do dia do Bolinho tem um significado algo diferente.

Tive o prazer de poder viver a tradição do Bolinho por vários anos e de forma muito positiva. Recordo-me, com saudade, de toda a rotina associada a essa tão esperada tradição: Acordar e tomar um pequeno-almoço reforçado, que a manhã era sempre longa e não havia tempo a perder. 

De seguida, às 9h era altura de ir à Missa (hora da Missa na Maxieira) e constatar, com agrado, que a Igreja se encontrava cheia e todos os nossos amigos estavam lá (por esta altura, o grupo de amigos com os quais tínhamos combinado ir ao Bolinho nesse ano já estaria definido). 

Terminada a Missa, há que esperar e dar um tempo para que as pessoas pudessem regressar a casa. Não podíamos correr o risco de alguém não estar em casa por nos termos apressado. 

Dado o tempo necessário para que as pessoas regressassem a casa, e tendo a estratégia já definida, lá iniciávamos a nossa aventura. 


De porta em porta, em passo semi-apressado, lá gritávamos “Ó Tia dá bolinho” e aguardávamos com expectativa que uma porta se abrisse. Éramos recebidos, quase sempre, com um sorriso de quem nos esperava e gostava de nos ver dar continuidade àquele costume.

Uma moeda, um bolo ou uns rebuçados, e lá seguíamos caminho, de forma a conseguir chegar ao número máximo de casas possível. Quando a fome apertava, íamos à saca e tirávamos um bolo para ir comendo. E assim se passava o dia, muitas das vezes apenas com uma pausa em casa dos pais para um almoço a correr.

No final do dia, hora de fazer as contas e repousar as pernas que estão cansadas.

Quando somos crianças, vivemos estes dias com uma intensidade únicas. Os anos vão passando, e hoje em dia recordo, com saudade, estas vivências que tanta importância tiveram na minha infância.

Nos dias de hoje, facilmente vamos vendo nas redes sociais fotografias de crianças que continuam a viver e a perpetuar esta tradição. E faz-nos tão bem recordar as coisas boas do passado.

A tradição ainda é o que era. E ainda bem que assim é.

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