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Vasco Jorge Rosa da Silva

2 de dezembro, 2022

Fundação da freguesia de Fátima: 20.8.1568

No fundo documental da colegiada de Nossa Senhora da Misericórdia d e O u r é m , q u e se encontra, actualmente, no Arquivo Distrital de Leiria, existe um diploma ‑ inserido no Livro dos aforamentos, prazos, arrendamentos, composições e obrigações da colegiada de Nossa Senhora da Misericórdia de Ourém [1522‑79] ‑ que menciona, de forma clara, a fundação da freguesia de Fátima.

 

O texto, um traslado datado de 6 de Setembro de 1579, com o título de «Composição que fez o Cabido com os fregueses da Serra sobre a igreja e capellão quando edificarão a dita igreja», indica a erecção da novel paróquia a 20 de Agosto de 1568 (fls. 159‑162v). O processo decorreu na igreja do templo supra, estando presentes, em Cabido, o prior Dr. Francisco Rodrigues, o chantre Diogo Vaz, o tesoureiro Pêro Luís e os cónegos António Vaz, Jorge Fernandes, Francisco Gouveia, Gil Pires, Gregório Rodrigues, André de Faria e Jerónimo Fernandes.

 

Por sua vez, os que exigiam a fundação de uma nova paróquia eram representados por Bartolomeu Fernandes, de Loureira, Manuel Dias, de Moita Redonda, André Fernandes, de Lomba de Égua, Silvestre António e João Ribeiro, de Fátima, André Vaz, de Aljustrel, Gonçalo Anes, de Chãs, Pêro Lopes, de Montelo, Brás Vicente «de João Fernandez» e Domingos Dias, de Poço do Soudo, e Pêro Fernandes, de Vale de Cavalos. Estes indivíduos alegaram que moravam a mais de uma légua (cerca de 5 quilómetros) de Ourém e por isso não podiam deslocar‑se à matriz para os ofícios divinos. Perante insistência, os eclesiásticos oureenses aceitaram a instituição de uma novel paróquia, o que, aliás, iria permitir uma mais adequada aplicação dos sacramentos aos futuros fregueses.

 

Uma deslocação por parte das autoridades religiosas ao lugar de Fátima («Casal de Fatima», em 1544) tinha permitido constatar, precisamente, os inúmeros populares que apoiavam a edificação da paróquia e do respetivo templo, o qual deveria ser construído em Fátima ou em Montelo. Escolheu‑se Fátima por ser lugar espaçoso. O edifício seria construído em pedra e cal, com capela‑mor e «arco de pedraria». Seria provido de dois portais, o principal e o que passaria à sacristia. Teria pias de água benta e de batismo. Junto a esta deveria ser colocado um armário para os santos óleos. Por sua vez, o campanário, que seria feito em conformidade com o da igreja de Santa Catarina da Serra, termo de Leiria, incorporaria, tão‑só, um sino. 

 

Os serranos seriam ainda obrigados comprar o madeiramento, com suas portas e ferrolhos. Na realidade, quase toda a despesa presente e futura estaria a seu cargo. A cruz e a custódia de prata e o pálio seriam adquiridos em conformidade com as alfaias da igreja de Olival. Também a paramentaria seria da responsabilidade dos moradores da Serra. Haveria um missal. A freguesia de Fátima seria composta dos seguintes lugares: Aljustrel, Amoreira («Morei‑ ras»), Azambujo, Boleiros, Casal do Farto, Chãs, Couros de Viote, Currais (hoje, Valinho de Fátima), Fátima, Giesteira, Lomba de Égua, Lomba da Ovelha, Montelo, Poço do Soudo, Ramila e Vale de Cavalos, «centando da Loureira Pedromem, que he o limite dos fregueses que se apartou pera ha dita freguesia».

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