“O meu apelo aos paroquianos é simples, perguntem às famílias, às pessoas o que precisam, olhem à vossa volta, um familiar, um amigo, um vizinho, um paroquiano... Temos de saber perguntar e de saber ver”. “Neste momento fala mais alto o coração”, afirma Eugénia Silva que se depara no trabalho da Cáritas Paroquial com “preocupações acrescidas com algumas famílias de Fátima”. “Interrogamo‑nos constantemente, como poderemos ajudar? Com o que é vamos ajudar? Temos uma série de perguntas sem resposta imediata”, revela.
O grupo de voluntariado, com membros de toda a paróquia, “mantém o propósito de continuar a trabalhar e a procurar dar respostas positivas às solicitações que chegam, cumprindo, como é evidente, as normas de segurança impostas pela DGS”.
Assim que foi decretado estado de Emergência, a Cáritas de Fátima suspendeu o atendimento presencial às famílias inscritas, no momento actual cerca de 50 agregados familiares. “Estamos a receber os pedidos via telemóvel, entregamos os cabazes mensais na morada da família, ou combinamos com as famílias onde deixar. No entanto, “como se avizinham dias difíceis e aumento dos pedidos de ajuda”, a Cáritas Paroquial passa a estar aberta todas as sextas‑feiras entre as 15h00 e as 17h00, a partir de hoje, 17 de Abril, “com atendimento restrito e segundo as normas de segurança impostas”. Além das famílias já inscritas, che‑ gam agora novos pedidos. Mantém ‑se o mesmo padrão: “famílias numerosas e de diferentes nacionalidades”. “Tivemos mais seis famílias a pedir‑nos auxílio”, refere Eugénia Silva.
“Os pedidos são basicamente de produtos alimentares, que são a nossa principal missão, mas reforçados em quantidade. As crianças e os adultos estão em casa a tempo inteiro, resultado do fecho das escolas e da dispensa da entidade empregadora, para os que trabalhavam, assim sendo, as necessidades alimentares aumentam”. Os bens disponibilizados são, entre outros, leite, cereais, enlatados, azeite, massa, arroz. “Os produtos que entregamos são‑nos fornecidos pelo Banco Alimentar de Leiria, por algumas doações de particulares, por recolhas nos supermercados e por uma despensa minimamente composta resultante de acções e donativos anteriores, feitos por entidades, empresas e paroquianos generosos”, sublinha a presidente, que acrescenta: “Não posso de deixar passar a oportunidade: apelo ao coração e à generosidade de todos os paroquianos, ajudem‑nos a ajudar neste tempo mais cinzento, temos de manter a esperança no horizonte, de dias de sol radiante que vão chegar brevemente”.
Neste momento, a campanha “Papel por Alimentos”, desenvolvida em coordenação com a Federação dos Bancos Alimentares, no caso de Fátima com o Banco Alimentar de Leiria, está suspensa. “Pedimos aos paroquianos que guardem o papel, para que futuramente, quando tudo ficar bem, continuarmos neste propósito de ajudar, a reciclar e a angariar bens alimentares para os pobres”, alerta.
“Vamos atravessar momentos muito difíceis e com uma perspectiva diferente. Depois do cumprimento e do abraço, quando o pudermos dar, temos o dever de perguntar se as pessoas precisam de alguma coisa”, antevê Eugénia Silva, à frente da Cáritas Paroquial há quase cinco anos.
Pároco de Fátima agradece
O padre Rui Marto, pároco de Fátima, agradece “aos voluntários da Cáritas que assumiram esta nobre missão de apoio ao próximo, sem esmorecer e sempre com entusiasmo”. Agradece também “às muitas entidades, instituições e pessoas que depositam a sua confiança na Cáritas de Fátima, que aderem às campanhas e fazem os seus donativos, porque só com a cooperação de todos poderemos continuar a chegar onde a nossa ajuda é mais necessária e premente”.
Na fotografia, Eugénia Silva