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Um testemunho emocionado de quem viveu o 16 de Março de 74

Sociedade - 26 de abril, 2024
Albino Pereira tem 72 anos. É oriundo de uma família de nove irmãos natural da freguesia de Espite. Foi pastor, cavador e lavrador até aos 17 anos. Depois, decidiu tentar a sua sorte em França. Foi de assalto e sem de dinheiro. Quando a mãe lhe enviou uma carta a dizer que tinha recebido um aviso para ir à inspecção militar, voltou a Portugal, contra as advertências dos colegas que tentaram chamá-lo à razão: “Tu és doido, tu vais para o Ultramar!”. Não lhes deu ouvidos e contrapôs: “Eu quero ser português de primeira; não quero ser português de segunda”.

Além disso, ouviu da boca de Mário Soares, que estava exilado em França: “Em Portugal sopram ventos de mudança!”. Pensava: “Se há um vento de mudança, eu quero ir a Portugal e fazer parte desse vento de mudança!”. E veio. Ficou apurado e decidiu voltar para França até ser chamado para a tropa. Foi novamente de assalto. Até comprou um “fato novo e uma gravata” para se fazer passar por um comerciante, mas foi descoberto pelos agentes da PIDE. Prenderam-no, bateram-lhe e depois libertaram-no. Não se deixou intimidar e voltou a sair do País. Desta vez, recorreu à ajuda de um taxista, que prometeu ajudá-lo. E ajudou, mas saiu-lhe caro. Além de ter de dar mil escudos aos militares que lhe emitiram a autorização, o taxista (que era informador da PIDE) impôs uma condição: levá-lo a França de táxi, ficando as despesas da viagem por conta de Albino. Sem alternativa, aceitou. Entretanto, foi chamado para o serviço militar e regressou a Portugal. Estava detido quando se deu o 25 de Abril. O motivo da detenção? Estava entre os militares que participaram no golpe falhado de 16 de Março.

“Quando fui chamado para a tropa, tive uma sorte extraordinária de não ser mobilizado para o Ultramar e de ir para Caldas da Rainha, porque foi ali que nasceu o movimento que deu origem ao 25 de Abril”, comenta Albino Pereira, que assentou praça em Coimbra, depois foi para a Figueira da Foz tirar a especialidade de chauffeur e teve a “sorte” de ir para Caldas da Rainha. “Na altura, havia lá muitos capitães”, conta. E acrescenta: “Eu era o chauffeur do capitão Armando Ramos. Ele foi mobilizado para a Guiné, mas alguns meses depois encontrei-o no Hospital da Estrela, em Lisboa. Tinha sido alvejado e estava ali a recuperar. Estivemos a conversar e ele disse-me: ‘Eh pá, oh Albino, isto tem de acabar.’ E levou-me a mostrar outros militares feridos. Você não imagina! Homens sem braços, sem pernas… Entretanto, passa lá o Otelo Saraiva de Carvalho e o Armando voltou a repetir: ‘Oh Otelo, isto tem de acabar’. 

 

Leia a notícia completa na edição impressa do Noticias de Fátima no dia 26 de abril de 2024.

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